quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

MAIS DEVASTADORA QUE A SECA...

Do blog do Rodão ArrudaO Estado de S. Paulo
A seca no Semiárido nordestino, que, de tempos em tempos, mobiliza as atenções do País, tem duas faces, segundo o professor José Jonas Duarte da Costa, da Universidade Federal da Paraíba. Uma delas – marcada pela ausência de chuvas – é a face natural. A outra é a socio-histórica, que ele considera “muito mais grave e devastadora”.
O professor assegura, que, ao contrário do que muita gente pensa, a região não tem sido esquecida pelo Estado brasileiro. Volumes consideráveis de dinheiro são sistematicamente enviados para promover o desenvolvimento do Semiárido. O número de siglas de projetos e empresas envolvidos com a questão só aumenta. Entre elas aparecem DNOCS, Codevasf, CHESF, BNB, Sudene, ProHidro, PAPP, Projeto Sertanejo e outros.
O problema é que o dinheiro não chega a quem mais precisa: é embolsado pela oligarquia econômica e política local. Para piorar o quadro, os projetos públicos escolhidos não são adequados para a região.
Costa é doutor em história econômica pela USP e mestre em economia rural pela Federal da Paraíba. Além de ensinar, atua como pesquisador visitante do Instituto Nacional do Semiárido (Insa). Na entrevista abaixo, ele afirma que a região nordestina poderia ter um elevado grau de desenvolvimento se os projetos fossem adequados e os recursos não fossem embolsados pelas oligarquias.
O Semiárido enfrentou em 2012 um dramático período de estiagem. Em recente artigo sobre a região, o senhor atribuiu os problemas a políticas equivocadas de combate à seca.
Não se trata apenas de equívocos, mas, sobretudo, de projetos e políticas que serviram a interesses menores, de grupos econômicos dominantes, de características oligárquicas ou empresariais. Tais grupos sempre se beneficiaram de modelos economicamente concentradores e socialmente excludentes. Para mim, essa é a questão chave: os projetos e políticas públicas, além de equivocados,  obedeceram a interesses privados, minoritários, excludentes.
Isso ocorreu mesmo com a Superintendência de Desenvolvimento Econômico do Nordeste, a histórica Sudene?
Sim. A exceção foi a atuação da Sudene durante os governos de Juscelino a Jango. Dirigida por Celso Furtado e um grupo que ele formou, até o golpe de março de 1964, aquela superintendência seguia a lógica de atrair investimentos e democratizar o acesso à terra e à água, por meio da reforma agrária. Depois de Furtado esqueceram a reforma e, consequentemente a democratização da terra e da água.
Os recursos públicos não chegam à população mais necessitada?
Não chegam. Infelizmente. Numa sociedade desigual como a nossa, eles beneficiam os mais poderosos em praticamente todos os projetos.
Isso ocorre atualmente?
Estou falando da realidade de hoje. Na Paraíba, o governo estadual tem feito enorme esforço para garantir o fornecimento de ração aos agricultores familiares, mas os grandes fazendeiros e empresários se apossaram do programa e são eles quem, de fato, têm acesso à ração animal. O mesmo tem acontecido com o programa de distribuição de milho que o governo federal subsidia: só os produtores com melhores condições obtêm acesso ao programa.
O que seria necessário mudar, na sua avaliação?
No plano político seria preciso quebrar a estrutura de poder oligárquico que se alimenta da seca. Por mais paradoxal e triste que seja, ainda é comum assistirmos a políticos profissionais que se beneficiam e tiram proveito eleitoral da situação caótica. Aparecem como defensores dos flagelados e oprimidos. Criam logo uma SOS Seca e tornam-se garotos midiáticos, preparando as bases eleitorais para as próximas eleições, prometendo “vestidos a marias e roçados a joões”, como dizia a música de Gilberto Gil em 1968.
Como romper esse círculo?
Romper essa estrutura política significa eleger outros interlocutores para um diálogo franco de construção de alternativas de convivência com a seca. Não se pode aceitar mais que os políticos locais sejam os intermediários entre os projetos de enfrentamento da questão e a população que espera os chamados benefícios. É necessário criar mecanismos de democracia participativa efetiva, onde o povo organizado participe dos fóruns de decisão e dirija os processos de execução de políticas públicas. Não é fácil, mas é preciso fortalecer as organizações populares, os movimentos sociais, setores da igreja, sindicais.
Essas organizações alternativas também apresentam problemas e dificuldades.
Existem vícios e problemas na execução dos projetos, mas, sem dúvida, de longe, com muito menos casos de corrupção, desvio de conduta e descaminhos de projetos. A experiência da ASA (Articulação do Semiárido)  com as construções de cisternas de placas, cisternas calçadão, barragens subterrâneas, etc, é um exemplo de eficiência. No plano mais amplo, é preciso montar uma infraestrutura produtiva em função das condições peculiares da região.
O senhor fala em convivência com a seca. Isso é possível?
Cerca de dois terços das terras do planeta estão em regiões de clima árido ou semiárido. E em muitos desses lugares as pessoas vivem bem, muito bem. O nosso semiárido é o que mais tem chuvas no mundo e um dos que apresentam maiores potencialidades. É preciso deixar claro que o Semiárido não é só pobreza, miséria e seca. É uma região com dificuldades e desafios, mas com potencialidades enormes, muitas belezas e riquezas. Conhecemos produtores, em pleno Cariri paraibano, região das mais secas do Brasil, onde não chove há praticamente dois anos, que ainda não sentiram o drama da seca. Na realidade sentiram mais o efeito da dizimação da palma forrageira pela praga da cochonilha do Carmim do que da seca. Esses agricultores aprenderam a viver em zona seca, semiárida, com pouca chuva. Vivem com muita dignidade e altivez.
Como conseguem?
No período das chuvas produziram e armazenaram alimentos para os seus rebanhos – e até agora dispõem de reservas para alguns meses. Também aprenderam a estocar água para utilizar nos períodos de longas estiagens. São produtores de agricultura familiar que não deixam a desejar em produtividade, eficiência e qualidade a nenhum produtor das regiões mais chuvosas do Brasil. Produtores com média de 20 litros de leite por vaca em plena seca. Apenas montaram infraestrutura tecnológica adaptada ao semiárido. Não transplantaram modelos produtivos de outras regiões. Assim como os suíços se preparam para o rigoroso inverno, com nevascas e gelo que matam tudo em suas terras, assim como árabes e judeus se preparam para as adversidades climáticas, os sertanejos sabem se preparar para a vida sob as condições climáticas próprias dessa parte do Brasil.
O senhor fala em potencialidades da região. Elas não são exploradas?
Não. E são muitas. Um exemplo: poderíamos exportar para todo o Brasil energia elétrica a partir da energia solar. Outro exemplo: poderíamos exportar proteína animal, como se vê em outras áreas semiáridas do mundo, e fornecer queijos finos de leite de cabra. Temos cerca de 90% do rebanho caprino nacional, plenamente adaptado ao clima local.
Chama a atenção, no artigo que escreveu, a lista de siglas de programas para a região.
Lembrar essas siglas é quase lembrar a história do Brasil. O IFOCS, que virou DNOCS, atuou na perspectiva de uma solução hidráulica para a seca. Construiu uma infraestrutura de açudes e barragens que deu à região um razoável suporte hídrico. No entanto, desmentindo o paradigma da solução hidráulica, nos anos 80, quando o Semiárido já dispunha de todos os mananciais que dispõe hoje, veio a crise da cotonicultura, que, articulada com a crise econômica dos anos 80 e as secas, provocou o maior fluxo migratório da história. Cerca de 5 milhões de sertanejos deixaram os sertões secos do Brasil.
Esse paradigma hidráulico foi abandonado?
Embora desmoralizado, setores políticos hegemônicos ainda tentam resgatá-lo no Nordeste, certamente para tentar se beneficiar.
E as outra siglas e políticas públicas?
O BNB (Banco do Nordeste do Brasil)  tornou-se o maior latifundiário do Nordeste, pois é credor de uma dívida impagável por parte da grande maioria dos proprietários de terra da região. Também tem CHESF, Codevasf e os programas de emergência: Projeto Sertanejo, Reflorestamento com Algaroba e outros. Todos tem sempre o mesmo objetivo: desenvolver o Semiárido. O problema é que todos se baseiam em modelos importados, que não levam em conta as as potencialidades da região.
De que maneira os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, afetam a região?
O Bolsa Família funciona como política compensatória diante da incapacidade do Estado para superar a pobreza, o desemprego e a miséria, características do sistema capitalista, especialmente na sua periferia. Para uma efetiva distribuição de renda seria necessário alterar o modelo que privilegia o lucro exacerbado e o acúmulo de capitais. O atual governo, embora tenha reforçado os programas sociais, não alterou a estrutura espoliativa do trabalho no Brasil. Não mexeu nos privilégios.
Mas o programa não teve impactos?
O Bolsa Família teve e tem impactos importante na redução dos índices de fome e miséria nos sertões semiáridos. Ele também propicia uma circulação monetária que cria uma espiral virtuosa em economias locais, onde predomina a baixa renda. Nos sertões, além de reduzir a miséria, levou ao escasseamento da mão de obra, melhorando os padrões salariais para uma parcela das classes trabalhadoras de rendas baixíssimas. Esse é um impacto perceptível. Por outro lado, gera um processo que pode se voltar contra a própria classe trabalhadora, que tende a acomodar-se. Como vivemos um momento de inflexão das lutas sociais, o Bolsa família que alimenta o trabalhador é o mesmo que o paralisa na luta por sua emancipação, o domestica politicamente, para a reprodução da exploração sobre o seu trabalho.
E do ponto de vista político-eleitoral?
Os programas sociais têm reflexos direto na popularidade do governo. Quem, como eu, viveu a infância e juventude nos sertões nordestinos, não esquece as cenas de fome e desnutrição, inclusive tendo a morte como companheira próxima – algo comum nas famílias dos agricultores pobres. Hoje ainda existe muita fome, miséria, desnutrição, mas não comparáveis ao que havia naqueles tempos. A grande popularidade do governo se explica porque, embora de um lado realize os sonhos dos capitalistas que “nunca antes na história desse país” acumularam tanto, de outro, promete acudir parte dessa população, historicamente desassistida, ainda despolitizada e que, sob essas condições, só poderia reagir agradecendo. 
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SAINDO PELA TANGENTE

Dilma Rousseff, foi uma das últimas a chegar na festa de Sarney, entretanto, foi a primeira a ir embora. De olho na parceria PMDB-PT para as eleições do ano que vem, o PMDB investe em festas desse tipo, para tentar segurar a base de apoio e levar Temer como candidato ao segundo mandato de vice-presidente na chapa de Dilma, recém lançada como candidata à reeleição pelo ex-presidente e criador político dela, o Luiz Inácio Lula da Silva.
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AS PROPINAS DE CHALITA

Por Bruno Boghossian, O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O analista de sistemas Roberto Grobman, delator do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP), entregou nesta quarta feira, 27, ao promotor de Justiça Nadir Campos Junior um CD com documentos digitalizados que comprovariam improbidade do ex-secretário de Educação.
São cópias de e-mails e números de contas bancárias por onde teriam transitado valores em favor das empresas Valverde Audio e Vídeo e Foneplan Comércio. A primeira, afirma Grobman, instalou automação no apartamento de Chalita e recebeu US$ 79.723 no exterior, na conta 005498139630 do Bank Of América. O valor, disse Grobman, saiu de duas contas de uma offshore do empresário Chaim Zaher, do Grupo COC, no Safra National Bank de Nova York e de Miami. A Foneplan recebeu R$ 93.237 no Brasil para fornecer telões. "Foi propina para Chalita, que prometeu contratar empresas do COC para prestar serviços à Fundação para o Desenvolvimento da Educação ou para a própria Secretaria de Educação”, declarou Grobman.
Grobman também entregou cópias de e-mails que ele próprio encaminhou em novembro de 2003, dias 7 e 12, a Paulo Barbosa, então secretário-adjunto de Educação do governo Geraldo Alckmin. As correspondências se referem à “compra de produtos de segurança” para Chalita, incluindo “gravata com câmera embutida, sem fio e com receptor”, peça cotada em US$ 575, além de um telefone celular com câmera transmissora embutida ao preço de US$ 595. No e-mail, Grobman pede autorização de Paulo Barbosa para efetuar a aquisição.
Nadir disse haver "fortes indícios" contra Chalita de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito e que pretende investigar acusações de que o parlamentar teria recebido pagamentos de empresas quando era secretário de Educação de São Paulo, entre 2002 e 2006. O promotor pedirá aos Estados Unidos o rastreamento do pagamento que teria sido realizado para fornecedor de Chalita. "Isso reforça a perspectiva de enriquecimento ilícito, a partir da compra e reforma do apartamento", disse o promotor.
Nadir também afirma que há indícios de que o grupo educacional COC pagou R$ 600 mil por uma reforma no apartamento de Chalita e que comprou 34 mil cópias de um livro do deputado. Na mesma época, a Secretaria de Educação teria firmado contrato de R$ 2,5 milhões com a empresa.
O delator do caso afirmou ao promotor que a compra dos livros seria um "pedágio" cobrado por Chalita em troca dos contratos. "Se houve violação de regras, esse contrato será considerado nulo", afirmou o promotor. "Se houve irregularidade em R$ 1 sequer, há dano ao erário", declarou o promotor. "Existe um fundo de verdade (nas acusações de Grobman) e eu vou levar essa investigação até as últimas consequências, doa a quem doer."
Chalita também será investigado por suspeita de desviar de suas funções duas servidoras da Secretaria de Educação para que elas escrevessem dois livros publicados em seu nome, "Pedagogia do amor" e "Mulheres que mudaram o mundo".
O promotor suspeita que Chalita teria enriquecido ilicitamente no cargo, o que seria comprovado pela compra de dois apartamentos: um em Higienópolis, em São Paulo, por R$ 4,5 milhões, e outro no Rio de Janeiro, por R$ 2,5 milhões, em 2005. "Se ele não tinha recursos suficientes para adquirir esses dois apartamentos, há hipótese de enriquecimento ilícito e caminha-se para a abertura de uma ação civil", disse o promotor.
Nadir pediu à Secretaria de Educação cópias do contrato assinado com o grupo COC e esclarecimentos sobre o suposto desvio das funcionárias para prestação de serviços particulares a Chalita. Também solicitou informações sobre os apartamentos comprados pelo deputado às Associações de Registros de Imóveis.
"Eu respeito a figura do deputado e lamento se a presidente (Dilma Rousseff) o afastou de um ministério, mas isso não é problema do Ministério Público", declarou o promotor em alusão ao fato de o Palácio do Planalto ter descartado colocação do deputado no comando de um ministério.
O promotor também vai analisar doações eleitorais feitas nos últimos anos às candidaturas de Chalita e de Paulo Alexandre Barbosa, então secretário-adjunto da Educação e atual prefeito de Santos pelo PMDB. O objetivo é identificar pagamentos que teriam sido feitos por fornecedores da Secretaria de Educação.
Nadir disse estar sofrendo pressão de deputados estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo e de deputados federais. "Independentemente de qualquer tipo de pressão, nós somos disciplinados." Ele falou sobre suposta prescrição das infrações atribuídas a Chalita. "Não nos cabe indagar por que esses fatos surgiram seis anos e meio depois. São imprescritíveis, segundo a Constituição Federal, e serão investigados salvo se meus superiores disserem que não posso investigá-los."
Campanha de Serra. Grobman, que diz ter trabalhado como assessor informal na secretaria, afirma que Chalita recebeu R$ 50 milhões em propina de empresários que assinaram contratos com a pasta. O analista confirmou que foi levado em outubro ao Ministério Público pelo jornalista Ivo Patarra, que à época trabalhava na campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo.
"Na campanha, eu fiquei revoltado com tudo o que ele (Chalita) falava e eu sabia o que ele era na verdade", disse Grobman. "Havia lido um livro do Ivo Patarra sobre o mensalão e o procurei para escrever um livro com os dossiês que eu tinha. Ele ficou assustado e me orientou a procurar o Ministério Público."
Ameaças. Grobman contou que foi ameaçado, no último dia 4, em Perdizes, onde mora. Um homem "calvo, que calçava tênis nike, calça jeans e camisa marrom, apontou para o delator um revólver envolvoto em jornal e lhe teria dito. "Para de falar." Desde esta quarta feira, 27, Grobman já está sob proteção da assessoria militar do gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo.
Credibilidade. O ex-secretário-adjunto da Educação, Luiz Carlos Quadrelli, declarou que Roberto Grobman, delator do deputado Gabriel Chalita, é "um depoente sem a menor credibilidade, que esperou 10 anos para divulgar mentiras". Quadrelli, atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, foi citado nas denúncias de Grobman. "Serão adotadas medidas jurídicas cabíveis", disse o secretário.
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MORRE MARIETA CALS

Marieta e César Cals, em foto de novembro de 1980, quando ele exercia o cargo de ministro das Minas e Energia
Marieta era a última ex-primeira dama viva do período dos coronéis no governo do Ceará. Ela morreu aos 87 anos de falência múltipla de órgãos
A noite de terça-feira foi o descortinar dos céus para a esposa do ex-governador César Cals, Marieta Cals. Marieta era a última esposa viva dos ex-governadores do Ceará da época do coronelismo político, que contou ainda com Virgílio Távora e Adauto Bezerra. Aos 87 anos ela faleceu no Hospital Regional da Unimed, vítima de falência múltipla dos órgãos. Marieta, mãe de cinco filhos, dentre eles o ex-prefeito de Fortaleza César Cals Neto e o ex-deputado estadual Marcos Cals, estava internada desde o início de janeiro.
No paradoxo da dor, a morte da ex-primeira dama trouxe consigo a beleza da memória. "Mamãe era uma pessoa extraordinária, com o coração do tamanho do Ceará", rememorou César Neto. Embora nunca tenha exercido cargo público, Marieta foi responsável pela criação de movimentos assistencialistas às pessoas humildes. Fundou a Feira dos Municípios, que durante décadas trouxe à Capital artesanatos e riquezas naturais do interior do Estado, gerando renda às localidades mais distantes.
Durante as enchentes do rio Jaguaribe em 1984, auxiliou o processo de socorro às vítimas, mobilizando com a Defesa Civil campanhas de arrecadação de donativos para as vítimas nas rádios e televisões. "Ela, em cima duma canoa, praticamente iniciou o processo de socorro às vitimas", diz César Cals Neto. Por sua atuação social, Marieta Cals dá nome a uma escola municipal no Conjunto Palmeiras.
A ex-primeira dama foi enterrada na tarde de ontem no jazigo da família Cals no cemitério São João Batista, localizado no Centro de Fortaleza. Diversas figuras políticas cearenses se fizeram presentes no velório e enterro.
Na Assembleia Legislativa do Ceará, parlamento que já teve Marcos Cals como presidente, deputados fizeram um minuto de silêncio em homenagem à Marieta Cals. "Tenho certeza de que no céu, ao lado do marido César Cals, ela está rogando pelos cearenses", disse César Neto. César governou o Ceará de 1971 a 1975.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
Marieta Cals foi esposa do ex-governador do estado César Cals. Enquanto primeira-dama do Ceará atuou em projetos assistencialistas à população. Internada desde o início de janeiro, faleceu no último dia 19.
Saiba mais
Atuação Social de Marieta Cals
Enquanto primeira-dama do Estado do Ceará, Marieta Cals fundou a Feira dos Municípios. O evento trazia para a Capital artesanatos produzidos no interior do Estado. O objetivo era gerar riqueza e renda para os municípios do interior.
Quando os cearenses foram vítimas da enchente que atingiu o rio Jaguaribe, em 1984, Marieta Cals mobilizou, em trabalho conjunto com a Defesa Civil do Estado, campanhas de arrecadação de mantimentos para os desabrigados nas rádios e televisões cearenses.
Em razão de sua atuação social enquanto ex-primeira-dama, Marieta Cals foi homenageada pelos cearenses e dá nome a uma escola pública municipal no bairro Conjunto Palmeiras.
Família Política
Além de ser esposa do ex-governador do Estado César Cals, Marieta foi mãe de dois outros importantes políticos cearenses: César Cals Neto e Marcos Cals.
César Cals Neto, o mais velho dos cinco filhos de Marieta e César Cals, foi o 40° prefeito de Fortaleza, atuando entre os anos de 1983 e 1985. Foi sucedido pelo ex-prefeito Barros Pinho. Foi também deputado federal.
Marcos Cals foi, em 1986, eleito o deputado estadual mais jovem da história do país. Ele tinha 22 anos. Foi presidente da Assembleia Legislativa do Ceará por dois mandatos e candidato derrotado ao governo do Estado em 2010 e à prefeitura de Fortaleza em 2012.
Fonte: O Povo
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MORRE ALMIR GABRIEL

O ex-governador do Pará Almir Gabriel (PTB) morreu na manhã desta terça-feira aos 80 anos em um hospital particular de Belém, onde estava internado desde o início de fevereiro. O político, que governou o Pará entre 1995 e 2002, lutava há alguns anos contra enfisema pulmonar. O velório será realizado no Palácio Lauro Sodré, a partir das 14h. O enterro será na quarta-feira, em Castanhal, cidade natal do ex-governador. As informações são do governo do Estado do Pará.
Almir Gabriel era médico cardiologista formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Gabriel exerceu dois mandatos como chefe do Executivo Estadual, após vencer duas disputas no segundo turno, derrotando Jarbas Passarinho e Jader Barbalho (PMDB). Ele governou o Pará entre 1995 e 2002, sendo sucedido por Simão Jatene (PSDB), atual governador, na época em seu primeiro mandato. Em 2006, Almir concorreu novamente ao governo do Estado, e foi derrotado por Ana Júlia Carepa (PT).
O ex-governador foi um dos fundadores, no final da década de 1980, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do qual se desfiliou em 2009. Ele concorreu em 1989 como vice à presidência da República na chapa encabeçada pelo ex-governador de São Paulo Mário Covas. Ele ainda esteve à frente da Prefeitura de Belém entre os anos de 1983 e 1986 e foi um dos representantes do Pará no Senado Federal.
Guilherme Waltenber  - Agência Estado
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TIRIRICA, À LA NEYMAR

O humorista e deputado Tiririca (PR-SP), de 47 anos, tingiu os cabelos e a barba de loiro e ficou com um visual semelhante ao do jogador Neymar, de 21 anos. Uma foto com o novo look foi publicada nesta terça-feira (19) no Instagram.
Quem revelou a nova cara do palhaço foi o ex-pugilista Acelino "Popó" Freitas, de 37 anos. Popó, também deputado federal (PRB-BA), acompanhou o colega da Assembleia no barbeiro e publicou o resultado na rede social.
“Olha o visual novo do Tiririca e o seu barbeiro”, escreveu o ex-pugilista. Um seguidor não perdeu tempo e retrucou: “O Neymar de Brasília?? Hahaha”. “Não acredito...kkkkkkkkkk @njunior11”, afirmou outro.
Em entrevista ao Estado de São Paulo, Tiririca afirmou: “Eu tingi porque eu quis. Eu sou um cara artista e o cabelo é meu (...) Eu também gosto do Neymar, sou fã do garoto. Eu disse: ‘Você (o jogador do Santos) não vai ficar só nessa não’, e entrei de cabeça”.
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domingo, 17 de fevereiro de 2013

ABALOU, GOVERNADOR !

FORTALEZA - Uma forte chuva na tarde deste domingo, 17, em Sobral, a 240 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, deixou um rastro de destruição. A fachada do recém-inaugurado Hospital Regional Norte desabou, ferindo um engenheiro da obra e um operário que estavam fazendo a manutenção da unidade hospitalar.
Os dois estavam fazendo uma vistoria na fachada, quando o acidente aconteceu, diz nota da Secretaria de Saúde do Estado. Isso porque, no sábado, dia 16, foi constatado que a fachada não estava firme. Ela media dez metros de comprimento por sete metros de largura. Quando eles tentavam fazer o ajuste, houve o desabamento.
Ambos receberam os primeiros socorros do Serviço de Assistência Médica de Urgência (Samu), no local do acidente, e foram levados para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral, onde passaram por exames e receberam alta.
O Hospital Regional Norte foi inaugurado há um mês com um show da cantora baiana Ivete Sangalo, que recebeu R$ 650 mil como cachê do governo do Estado.
Em nota, o consórcio afirma que está prestando "toda a assistência necessária ao operário que sofreu escoriações e que irá apurar com rigor as causas do ocorrido". A nota encerra destacando que "após criteriosa avaliação técnica no local, (o consórcio) já providenciou a remoção da estrutura, estimando que todos os reparos necessários estejam finalizados em até 20 dias".
A chuva, que caiu durante 50 minutos, acompanhada de uma forte ventaria, também derrubou o teto de um posto de combustível. A Defesa Civil de Sobral contabilizou ainda queda de árvores e problemas nos fios de postes da rede elétrica.
Entre sábado e domingo, houve chuva forte em 125 dos 184 municípios cearenses, segundo boletim da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A previsão é que esta situação persista até o final do dia.
Em janeiro do ano passado, uma chuva rápida e forte derrubou a estrutura metálica da Vila Olímpica de Sobral.
Do Estado de S.Paulo – foto Wilson Gomes
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sábado, 16 de fevereiro de 2013

GOLPE DE MESTRE

O campeão olímpico Aurélio Miguel multiplicou seu patrimônio desde que assumiu o cargo de vereador em São Paulo, em 2005, pelo PR.
Quando foi candidato a vereador pela primeira vez, em 2004, Miguel declarava ter, entre outros bens, quatro imóveis --um patrimônio, segundo ele, de R$ 870 mil (R$ 1,4 milhão em valores corrigidos pela inflação).
Já em 2012, passou, segundo o Ministério Público, a ter 25 imóveis registrados em nome dele ou de suas empresas. Os imóveis estão estimados em R$ 25 milhões --a avaliação é feita com base no valor do metro quadrado da região.
Nessa conta, não entram outros bens, como uma lancha e ao menos 17 carros, como uma Cherokee 2012 e um Opel, 1951.
O crescimento mais expressivo do patrimônio do parlamentar ocorreu a partir dos anos de 2008 e 2009, época em que presidiu a CPI do IPTU na Câmara Municipal. Miguel, segundo investigações do Ministério Público, é acusado de cobrar propina de shoppings ligados ao grupo Brookfield para omitir irregularidades no relatório final da CPI. Ele nega as acusações.
Segundo depoimentos dados ao Ministério Público, ele teria recebido o pagamento em dinheiro vivo, entregue em carro-forte. Testemunhas dizem que as propinas chegavam a R$ 640 mil.
Ao menos oito imóveis adquiridos por Miguel após essa data foram pagos em dinheiro vivo, segundo documentos obtidos pela Folha em cartórios.
Conteúdo da Folha de S.Paulo
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

MORRE FERNANDO LYRA

Ao fim de 47 dias internado na UTI do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, e já em estado muito grave nos últimos dez dias, morreu ontem "por falência múltipla dos órgãos", por volta de 16h50, o ex-ministro da Justiça, ex-deputado e ex-senador pernambucano Fernando Lyra. Seu quadro clínico já era problemático desde dezembro, em um hospital do Recife - do qual foi transferido para o Incor no dia 5 de janeiro.
Figura de destaque das oposições no período final do regime militar, e depois um crítico impaciente do PMDB durante do governo José Sarney, Lyra tinha 74 anos e sofria, há 20, de um quadro de infecção renal aguda e "descompensação de insuficiência cardíaca congestiva grave".
Tendo abandonado a vida pública nos anos 1990, quando estava filiado ao PDT, ele vivia com a mulher, Márcia, e as três filhas, na praia de Piedade, na Região Metropolitana do Recife. O corpo de Lyra será velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, a partir de meio-dia de hoje, e seu sepultamento será às 17 horas, na Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.
Em nota, a presidente Dilma Rousseff, lembrando que ele foi o primeiro ministro da Justiça logo após o fim da ditadura, definiu Lyra como "o responsável pelo fim da censura oficial, passo fundamental na reconquista da liberdade de expressão no País". Para a presidente, a democracia perdeu "um de seus mais expressivos defensores".
Antigo aliado de Lyra nas lutas contra os militares nos anos 1980, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou que "nesses tempos de mediocridade no Parlamento e na política em geral, Fernando Lyra fará uma falta muito grande a Pernambuco e ao Brasil". Também o senador Aécio Neves comentou a morte do oposicionista - que, segundo ele, "marcou a vida pública brasileira pela firmeza ética e democrática de suas posições". "Foi um companheiro leal de meu avô Tancredo Neves, sobretudo na luta pela redemocratização do País", lembrou Aécio.
O recifense Fernando Lyra cresceu em Caruaru, no Agreste pernambucano, onde passou a infância e a adolescência. A profissão de advogado ele deixou de lado para se dedicar à política. Ajudou a fundar o antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e nas décadas seguintes passou a ser reconhecido como um representante do "PMDB autêntico".
Lyra foi eleito pela primeira vez em 1966, mas o mandato de deputado estadual por Pernambuco, porém, foi interrompido dois anos depois pela repressão militar. Em 1970 iniciou a série de seis mandatos como deputado federal. Nesse período, participou da anticandidatura de Ulysses Guimarães à Presidência em 1974, engajou-se na luta pelas eleições diretas e, com a derrota da Emenda Dante de Oliveira, articulou a candidatura de Tancredo Neves - eleito no colégio eleitoral. Acabou virando ministro da Justiça de José Sarney, de março de 1985 a fevereiro de 1986. Mais tarde ele chegou a flertar com o recém-nascido PSDB, mas migrou para PDT de Leonel Brizola, de quem foi vice na primeira eleição direta para presidente, em 1989.
Conteúdo do jornal O Estado de S.Paulo
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