O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, realmente
convidou o tucano José Serra a entrar no partido, ainda não obteve resposta e
diz que se encerra por aí a veracidade das versões que correm sobre o assunto.
"O mais é fruto de uma central de invenções sem
compromisso com a realidade", afirma. Esse "mais" que Freire
qualifica como mero boato seria a exigência de Serra de que para entrar no
partido precisaria ter assegurada a legenda para concorrer à Presidência da
República.
"Nem podemos garantir nada, nem ele pediu, nem temos
ainda claro como será o cenário da disputa de 2014." De acordo com Roberto
Freire, o que há em relação ao tucano é um desejo de incorporá-lo a um bloco
para tentar quebrar o ciclo de dez anos do PT no poder central e a evidência de
que Serra está desconfortável no PSDB, onde o grupo afinado com o senador Aécio
Neves vem ocupando ativamente todos os espaços desde a derrota de 2010.
O importante nessa história, aponta Roberto Freire, é a existência
de alternativa no horizonte. "Alguém que possa derrotar eleitoralmente o
que está aí, que recupere o respeito pelas instituições e possa enfrentar a
crise econômica."
Se Eduardo Campos tem origem no campo governista, para o
deputado não é algo que deve ser visto como um fator excludente.
"Inclusive porque não é a oposição que estimula a candidatura dele, mas
sim um evidente processo de reestruturação na base do governo."
Na visão dele, o que impulsionou essa forte tendência de
Eduardo Campos de se afastar da área de influência do PT e buscar a articulação
de outro polo de perspectiva de poder foi a ruptura com o PT na eleição para a
prefeitura de Recife.
"Ele enfrentou Lula e venceu. No Rio Grande do Sul
também conseguimos romper com a hegemonia do PT na capital. Esse grupo não é
invencível e, para vencê-lo, não é preponderante que haja a encarnação do
oposicionismo, mas capacidade de vencer mediante um projeto que faça o Brasil
avançar."
O empresariado, notadamente o setor produtivo, tem dado reiteradas
demonstrações de cansaço com o atual modelo, na opinião de Freire. A busca por
uma opção não estaria, portanto, restrita ao mundo político-partidário.
Freire vê semelhanças com o período pré-edição da Carta aos
Brasileiros, com a qual o PT se comprometeu com o bom senso na área econômica,
quando a sociedade buscou outros nomes antes de se concentrar em Lula: Roseana
Sarney e Ciro Gomes, por exemplo, que chegaram a liderar as pesquisas no
primeiro semestre de 2002.
Se o "alguém" será Pedro, Paulo ou João - ou mesmo
todos os nomes de quem se fala, incluindo Serra e Marina Silva, na percepção de
Roberto Freire não é uma questão para ser resolvida agora nem administrada pela
lógica da disputa no campo que pretende se apresentar como contraponto ao PT.
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