sábado, 30 de novembro de 2013

A MULHER DO PREFEITO

Temido pela baixa audiência, o horário reservado à segunda linha de shows da sexta-feira na Globo pena para emplacar uma produção que reviva os tempos de grandes índices e repercussão de Os Normais (2001). Depois de experiências que não resultaram o esperado, como O Dentista Mascarado (2013), Macho Man (2011) e Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012), a emissora exibe agora A Mulher do Prefeito.
Sem exageros e histrionismo, a série conta a história de Aurora Rangel (Denise Fraga), uma adestradora de cães que, depois de ver o marido prefeito metido em um escândalo de corrupção, é obrigada a assumir a prefeitura da fictícia cidade de Pitanguá, da qual era, teoricamente, a vice-prefeita. Reinaldo Rangel (Tony Ramos), seu marido, é detido em regime de prisão domiciliar, mas mesmo assim não deixa de dar ordens e continuar mandando. Para isso, precisa driblar a ingenuidade da esposa, que descobre, ainda, sua infidelidade e as mentiras que contou durante os anos de casamento.
Além da administração da cidade, Aurora tem também a tarefa de não deixar o casamento naufragar. A graça de A Mulher do Prefeito é involuntária, não esculachada como em Os Normais. O riso ali é provocado por ironias e piadas pontuais no texto, que não chega a ser completamente cômico, visto que beira a dramaticidade em certos momentos. Talvez seja nessa lacuna o problema da série, que não causou o “boom” esperado.
É complicado classificar A Mulher do Prefeito apenas como cômica. A série também não chega a ser uma comédia de costumes, a exemplo de A Grande Família. É, sim, uma produção que passeia pela comédia crítica, com alusões a situações vividas na vida pública brasileira, como o superfaturamento de obras em tempos de Copa do Mundo, os mandos e desmandos de figurões das elites locais e as regalias que figuras políticas brasileiras têm quando são presas no mesmo regime que o prefeito da série.
O grande atrativo da série, sem dúvida, é o elenco. É justamente nos pontos mais dramáticos da história que Denise Fraga tem a chance de mostrar outro lado desconhecido do grande público: o seu talento para papéis mais densos. Ela imprime graça à sua personagem, é óbvio, mas isso é secundário. Contida, ela mais emociona pelo drama do que pelo riso solto. Tony Ramos está bem, mas qualquer elogio a ele é chover no molhado. Ramos poderia fazer papel de japonês mudo e, ainda assim, convenceria o telespectador. Destaque também para Felipe Abib, na pele de Seixas, o assessor atrapalhado e apaixonado por Aurora.
A direção de Luiz Vilaça traz um respiro de novidade. Não chega a ser conceitual, mas nem de longe lembra o padrão visto nas novelas. As locações, que fogem dos cenários produzidos, ajudam a dar um ar de realidade à história, mas a trilha sonora, com hits de outros tempos, e o figurino country destoam do restante, o que pode causar estranhamento.
Por trazer um registro crítico não carregado da vida pública brasileira, a A Mulher do Prefeito vale a atenção, mas dificilmente será a salvação do horário. Sua fraca repercussão é sintomática da maneira como a sociedade trata a politicagem brasileira: com desdém.
Por Raphael Scire, da coluna Notícias da TV, de Daniel Castro
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NA CINTURA

Na edição desta semana da revista Carta Capital, o assunto de capa é o embate travado entre PT e PSDB que evita o debate maduro e consome ambas as legendas.
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AS PRIMEIRAS-DAMAS

Por Tércio Amaral, do jornal Diario de Pernambuco
Num período que abrange trinta anos (1964-1994), quatro mulheres foram a verdadeira expressão do sexo feminino no governo do estado de Pernambuco. De posições e facções políticas aliadas e distintas, elas vivenciaram o início do regime militar (1964-1985), a luta pela liberdade de expressão, a Lei da Anistia de 1979 e a consolidação da Nova República. Com uma posição discreta, elas foram a única expressão feminina no Executivo no período em um estado que nunca foi governado por uma mulher.
Em conversa com o Diario, as ex-primeiras-damas revelam as lembranças dos tempos que os maridos ocuparam o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. A reportagem conversou com dona Magdalena Arraes, mulher do ex-governador Miguel Arraes, que ocupou o posto por três vezes (1963,1987, 1995). Avó do atual governador Eduardo Campos (PSB), ela relembrou os tempos de exílio e fez votos para que o projeto presidencial do neto seja realizado na eleição de 2014.
A reportagem também foi recebida por Anna Ferreira Maciel, mulher do ex-senador e ex-vice-presidente da República Marco Maciel (DEM). Anna, que se divide entre suas casas no Recife e em Brasília, relembrou episódios curiosos, como um show do cantor Roberto Carlos que fez para arrecadar doações para a Cruzada de Ação Social. Simpática, ela discordou da pecha de conservadores que é atribuída a sua família. Disse que o socialismo se faz em casa. "Sempre fomos vítimas dessa história".
Na outra ponta, a ex-primeira-dama Jane Magalhães, mulher do ex-prefeito do Recife e ex-governador Roberto Magalhães, confessou que o período que manteve uma relação estreita com o poder foi de muito trabalho. Jane confessa que ser primeira-dama da capital foi uma tarefa mais difícil do que ocupar o mesmo lugar no estado. Pela primeira vez, ela dá a sua versão da polêmica envolvendo a escultura do artista plástico Francisco Brennand no bairro do Recife Antigo, que teria sido censurada por ela, em casa.
Por fim, entre elas, a última ex-primeira-dama do período Silvia Cavalcanti confessa as perdas familiares e a opção do marido, o ex-governador Joaquim Francisco, de entrar na política. "Eu me casei com o técnico do Incra que virou político. Eu não queria que ele entrasse, mas foi uma decisão e eu tive que respeitar". Dona de uma simpatia singular, Silvia também atribui para si a criação de programas como o bolsa escola, ainda na década de 1980. "Não foi invenção do PT", alfineta.
Foram entrevistadas as ex-primeiras-damas cujos maridos governaram o estado da década de 1980 até os dias atuais e ficaram por mais de três anos no cargo. Renata Campos, mulher de Eduardo Campos, não foi procurada pela reportagem, porque ele ainda está no exercício do poder. 
Confira também o vídeo com depoimento das ex-primeiras-damas.
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BANDEIRA ARRIADA

Por Valdo Cruz, colunista da Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Uma das bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff caminha para ser arriada, frustrando sua estratégia de usá-la na campanha da reeleição como uma de suas grandes conquistas.
Falo da meta estabelecida pela petista de derrubar a taxa de juros durante seu mandato. Nesta semana, ela deve voltar à casa dos dois dígitos, batendo em 10% ao ano.
Pior. O cenário de incertezas na economia mundial pode levá-la aos 11% ainda no primeiro semestre do próximo ano, acima dos 10,75% herdados do ex-presidente Lula.
Em outras palavras, Dilma não só falhou no seu objetivo, como pode terminar seu mandato com juros mais altos do que recebeu.
Seu equívoco foi criar uma meta de taxa de juros, quando ela é instrumento para atingir a que de fato importa, a de inflação. Resultado, as duas ficaram comprometidas, quando uma deveria levar à outra.
Dilma poderia ter logrado mais sucesso. Em outubro de 2012, os juros caíram para seu patamar mais baixo, 7,25%. Uma maravilha. Só que se esqueceram da outra ponta, a que poderia sustentá-la.
Depois de um primeiro ano de forte ajuste fiscal, o governo se entregou às manobras contábeis para esconder sua gastança exatamente quando derrubava os juros. Deu no que deu, mais inflação, que forçou o BC a voltar a subir a taxa Selic.
Hoje, o governo busca recuperar a credibilidade perdida na área fiscal para tentar segurar a inflação e reduzir a dose dos juros. Tarefa difícil diante de sua ambiguidade.
Dilma e sua equipe têm até se esforçado para mostrar maior rigor fiscal, mas não assumem publicamente compromisso com uma meta fixa, realista, de economia de gastos para pagamento da dívida pública.
Prometem apenas algo vago ou inatingível. Sinal de que não bancam suas próprias metas. Aí, fica difícil pedir que acreditemos neles. Afinal, discurso não convence mais ninguém. É preciso entregar.
Valdo Cruz é repórter especial da Folha e colunista do site da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras na página A2 da Folha.
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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

SERÁ QUE ELE É ?!

Por Ruth de Aquino, colunista da Época
Todo homofóbico, a meu ver, tem algum problema de sexualidade. Porque uma coisa é um homem só gostar de mulher. Bravo, está no seu direito. O homem hetero também pode não se sensibilizar com a causa gay, não ser militante por direitos iguais, ter uma ideia conservadora de família e ser até contra o divórcio. Bravo, há espaço para todos. Outra coisa, bem diferente, é um homem odiar homem que goste de homem. Achar que homossexualidade é doença. Querer varrer homossexuais para dentro do armário. Ou coagi-los, transformando os gays em cidadãos de segunda categoria.
Desses, eu desconfio. Caramba, esse pastor evangélico catapultado a presidente de Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, à revelia da sociedade civil, só pensa naquilo. O deputado do PSC de São Paulo – e PSC, minha gente, quer dizer Partido Social Cristão – a todo momento, semana sim, semana não, dá um jeito de colocar na pauta mais um projeto que retira direitos já conquistados por homossexuais. Num retrocesso inadmissível. O mundo atual é outro, muito mais tolerante com a diversidade sexual. E muito mais avesso ao preconceito.
Em São Paulo, um debate público que começou ontem e termina amanhã, promovido pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp, junto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), revê a Classificação Internacional de Doenças (CID), no que se refere à sexualidade. A nova edição da CID formaliza enfim a igualdade entre orientações sexuais no mundo todo. É condenável, portanto, segundo a OMS, a visão distorcida e discriminatória da homossexualidade como uma “doença” que pode ser “curada”. Está explicado (precisa desenhar, sr Feliciano?) que qualquer orientação sexual deve ser considerada uma parte intrínseca e natural do desenvolvimento do ser humano.
>> Mais colunas de Ruth de Aquino
Por que o deputado insiste em espernear? Quem é, na vida pregressa, o pastor de ovelhinhas brancas e heterossexuais, que deu tantas declarações racistas e homofóbicas e que, por causa de nossa política do toma-lá-dá-cá, passou a cuidar dos Direitos Humanos, um escárnio para todos que participaram do abaixo-assinado de 450 mil contra sua nomeação?
Marco Feliciano tem origem pobre. Diz que trabalhou como vendedor de picolé. Começou a pregar aos 19 anos e tentou ser pastor em Belém. Em sua biografia, diz-se que foi rejeitado por líderes religiosos da própria Assembléia de Deus e de igrejas pentecostais. Só aos 26 anos, ainda sem a consagração de pastor, foi reconhecido pela Assembléia de Deus. Aos 27 anos, viajou para os Estados Unidos e foi consagrado pastor. Fez curso de contabilidade, faculdade de teologia e é doutor em Divindade e Artes da Teologia por uma instituição americana.
Ainda responde a uma ação por estelionato aberta pelo Ministério Público gaúcho no STF. É acusado de ter recebido R$ 13 mil para realizar um culto ao qual não compareceu. Seu advogado diz que ele devolveu o dinheiro.
Os vídeos em que aparece são mais contundentes do que qualquer ação ou acusação não comprovada.
Vídeo 1: Feliciano pede a senha do cartão de crédito a um fiel de sua igreja.
“É a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus, Deus não vai dar, e aí vai falar que Deus é ruim”.
Vídeo 2: Feliciano diz em culto que John Lennon foi morto por “vingança divina” por ter dito que os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo.
“Ninguém afronta Deus e sobrevive para debochar”. “Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo dele (Lennon). Ia tirar o pano de cima e dizer: me perdoe John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo”.
Vídeo 3: Feliciano diz que Dinho, vocalista do Mamonas Assassinas, “se vendeu ao diabo” por dinheiro e por isso morreu em acidente aéreo.
“O avião estava no céu (...) Ao invés de virar para um lado, o manche tocou para o outro. O anjo pós o dedo no manche, e Deus fulminou aqueles que tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças”.
Vídeo 4: Feliciano fala de Caetano Veloso e Lady Gaga.
Caetano conseguiu sucesso com ajuda de “forças malignas” após encontro com Mãe Menininha do Gantois.
“O diabo tem uma Lady Gaga que canta e encanta”.
Vídeo 5: Feliciano contra a Igreja Católica.
Católicos “adoram Satanás” e têm o corpo “entregue à prostituição”. Classifica a religião católica de “morta e fajuta”.
Vídeo 6: Feliciano contra gays.
“O meu Jesus não foi feito para ser enfeite de pescoço de homossexual, nem de pederasta. Nem de lésbica”.
Ok, Marco Feliciano pode ser um doente que resistiria a qualquer tentativa de cura psiquiátrica. Sem problema. Bem-aventurados sejam os pobres de espírito.
Mas, colocar na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara um deputado desses?
Vejamos suas últimas tentativas de legislar sobre a sexualidade.
No mês passado, outubro de 2013, a Comissão aprovou projeto de Marco Feliciano. Ele ressuscitou um texto que estava parado havia dois anos na Câmara. Objetivo? Dar direito a expulsar gays de cultos religiosos. Em setembro, Feliciano mandou prender duas jovens que se beijaram num culto ao qual ele estava presente, em São Sebastião (SP). Pediu que os policiais dessem “um jeito nas meninas”. Elas saíram do local algemadas e num camburão. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) protestou contra o projeto aprovado: “É a descriminalização da homofobia nos templos”.
O pastor deixou passar um tempinho e voltou à carga agora: a Comissão presidida por ele aprovou dois projetos que, se levados adiante, farão o Brasil voltar atrás e desgarrar da tendência mundial. Um dos projetos suspende resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de maio de 2013, que autoriza cartórios a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A Comissão presidida por Feliciano também rejeitou, na mesma reunião, proposta que daria a companheiros de gays direito de receber pensão pelo INSS. Homossexuais, segundo Feliciano, não podem ter direitos previdenciários garantidos a outros cidadãos. Por várias vezes Feliciano tentou colocar na pauta da Comissão o projeto que permite a psicólogos a “cura gay”.
Sério. O que pensa de tudo isso a ministra da Secretaria de Direitos Humanos de Dilma, Maria do Rosário? O que pensa a presidente Dilma Rousseff, que ontem chamou a sociedade brasileira de ainda "sexista e preconceituosa" contra as mulheres? O que dizem os cidadãos deste país, que tem outras prioridades, como a não violação de direitos humanos de todos, qualquer que seja a cor, a classe social, o gênero e a orientação sexual?O que quer dizer a obsessão sexual de Marco Feliciano? Nessas horas, eu me lembro do magnífico filme Beleza Americana, de Sam Mendes, em que um coronel (Chris Cooper), obcecado com a ideia de que o filho pudesse ser gay, acaba matando o vizinho (Kevin Spacey) por achar que os dois tinham um caso. No final das contas, antes de dar tiros, o coronel tenta beijar o vizinho e é rechaçado. Estranho, não? Mas acontece. O coronel projetava no filho seus próprios desejos reprimidos.
Na semana passada, dia 20 de novembro, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara aprovou, sob insistência de Feliciano, a convocação de um plebiscito sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo. É que ele não aceita que homossexuais se casem, não quer, já bateu o pé. Lindo. Feliciano pretende fazer o plebiscito coincidir com o primeiro turno das eleições de 2014. Um plebiscito nacional, que seria decidido por maioria simples. Sim ou não para o casamento civil de homossexuais?
Proponho um outro plebiscito, também por maioria simples. Marco Feliciano pode ter as ideias lá dele, defendê-las em casa e até com seus fiéis. Ele já provou que a tolerância com a diversidade passa longe de suas convicções. O que torna uma galhofa nacional seu atual cargo. É verdade que ele tem representatividade em seu rebanho: em 2010, foi o evangélico com maior número de votos no país. O que não faz nenhum bem à imagem dos evangélicos brasileiros.
O plebiscito seria uma pergunta simples. Marco Feliciano tem condição de ser presidente de uma comissão de direitos humanos e minorias do governo? Sim ou não?
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BRASILEIROS DO ANO 2013

Da revista ISTOÉ
Na edição deste ano de um dos prêmios mais disputados da imprensa brasileira, o manifestante que foi às ruas lutar por um país melhor foi o grande destaque
Apesar de tudo, o cidadão comum é o Brasileiro do Ano de 2013. Gente que luta pela existência sem reivindicar medalhas de herói. Homens e mulheres que simplesmente trabalham, criam filhos, estudam, pagam suas contas, aguentam suas dores, abençoam suas alegrias. Vivem e querem ver as coisas melhorando, apesar de.
Este ano foi um daqueles períodos preciosos em que o homem comum resolveu obrigar todo mundo a ouvir sua voz e tornou-se protagonista. A indignação contra um aumento de passagens e a revolta contra a violência policial foram os estopins. Diferentes gerações assumiram então a condição de manifestantes, exigindo transporte barato, serviços públicos decentes, justiça e direito à livre expressão. Em junho, o Brasil assistiu multidões pacíficas marchando pelas ruas de uma forma curiosamente múltipla. Os manifestantes não se orientavam por lemas ensaiados, palavras de ordem de encomenda ou por cores partidárias previsíveis. 
Em cada garganta um grito próprio, espontâneo. Foi uma gigantesca afirmação de individualidades. Quando a barbárie e o vandalismo se aproveitaram da temperatura elevada para impor à força suas insanidades, o cidadão comum recolheu-se. Mas já havia deixado claro seu recado: está pronto para repetir a dose, apesar de.
A seleção dos Brasileiros do Ano de 2013 é formada por outros protagonistas que também fazem história. A presidenta Dilma Rousseff é a Brasileira do Ano na gestão pública. O senador Aécio Neves tem o destaque como Político do Ano e o governador Eduardo Campos desponta como a revelação política de 2013. O treinador da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, é o Brasileiro do Ano no esporte. Na televisão, ISTOÉ premia o ator Mateus Solano e, nas mídias digitais, o humorista Fábio Porchat.
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LOBBY OU LAVANDERIA...

Charge do Miguel, via Jornal do Commercio
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DISPUTA EM OUTRO CAMPO

Da AFP, Bogotá
O ex-capitão da seleção colombiana de futebol Carlos "El Pibe" Valderrama anunciou nesta quinta-feira (28) que disputará uma vaga no Senado nas eleições de março de 2014, pelo partido do presidente Juan Manuel Santos.
O lançamento da candidatura ocorreu em uma reunião nacional do Partido da U em Bogotá, com a presença de Santos, que fundou o partido para apoiar em 2006 a reeleição do presidente Álvaro Uribe.
"Depois de disputar tantas partidas com a seleção colombiana, vou jogar meu melhor com o Partido da U no Senado da República", prometeu Valderrama.
Valderrama, 52 anos, convocou "todo o povo da Colômbia para apoiar o Partido da U e o presidente Santos pela paz".
Conhecido por sua vasta cabeleira e o bom futebol, 'El Pibe' Valderrama liderou a Colômbia nas Copas do Mundo da Itália-1990, Estados Unidos-1994 e França-1998.
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AÉCIO BOLADASSO

Por Luciano Bottini Filho, O Estado de S. Paulo
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável candidato à Presidência em 2014, quer saber quem cria perfis que o satirizam. Advogados do tucano entraram com uma ação na Justiça de São Paulo para impedir contas no Facebook e no Twitter com seu nome e identificar os usuários que usaram a sua imagem. Segundo o pedido, o político foi vítima do perfil Aécio Boladasso, que virou piada entre os internautas que consideraram a conta como uma estratégia do próprio Aécio de imitar a “Dilma Bolada”, perfil criado por um publicitário para parodiar a presidente Dilma Rousseff.
Algumas das contas do Aécio Boladasso já foram retiradas do ar, mas ainda há disponíveis perfis como Aécio Boladão. De acordo com a ação, “todos os perfis e páginas foram criados recentemente, em datas muito próximas, e possuem conteúdo muito similar, o que denota a criação seriada de perfis ilícitos, os quais, inclusive, foram altamente difundidos nas mídias digitais, sendo certo que o Google aponta mais de 40.000 (quarenta mil) resultados para a pesquisa pelo termo “Aecio Boladasso” “Facebook” e mais de 34.000 (trinta e quatro mil) resultados para a pesquisa pelo termo “Aecio Boladasso” “Twitter”.
Segundo os advogados de Aécio, o Twitter já atendeu a solicitação de remover os perfis falsos, mas ainda não forneceu as informações sobre quem criou o usuário falso. O Facebook já apresenta outras contas falsas e também não identificou quem criou os perfis de humor.
O juiz Nilson Wilfred Ivanhoé Pinheiro, da 3ª Vara Civil da Capital, concedeu uma liminar, no dia 19, para a remoção das páginas e armazenamento dos dados sobre os usuários que fizeram a brincadeira. No entanto, ele negou o pedido de segredo de Justiça.
A assessorias de imprensa do Twitter não respondeu até a publicação desta notícia e a do Facebook não foi localizada.
“Aécio Boladasso”, um dos perfis que brincavam com o nome do senador mineiro e já foi retirado do ar. Foto: Reprodução/Facebook
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INFIDELIDADE PARTIDÁRIA

O Ministério Público Eleitoral (MP) entrou com pedido de cassação de mandato de 13 deputados federais por infidelidade partidária. O pedido foi protocolado nesta quinta-feira (28), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incorre em infidelidade partidária alguém que deixe um partido já existente por outro também existente, fazendo uma "escala num partido novo". Para o chefe do Ministério Público Federal e Eleitoral, essa troca de partidos dessa forma é uma maneira de "superar um obstáculo da fidelidade partidária".
As ações são assinadas pelo vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio de Aragão. Para Aragão, a troca de partidos fere a expressão da vontade do eleitor "O cargo não pode ser objeto de acordos, anuências ou qualquer forma de negociação que retire da soberania popular o poder e direito de escolha", disse.
Entre os 13 deputados que serão processados, dois trocaram de partido porque pretendiam migrar para o novo partido da ex-ministra Marina Silva, o Rede Sustentabilidade, que não foi aprovado pelo TSE. Os deputados Walter Feldman e Alfredo Sirkis trocaram suas agremiações pelo PSB enquanto aguardam a legalização do partido.
As ações foram distribuídas para os ministros do TSE Otávio Noronha, Gilmar Mendes, Henrique Neves, Dias Toffoli e Laurita Vaz. Duas delas ainda não têm relator.
Confira a lista dos 13 deputados processados pelo MP:
Alfredo Sirkis (RJ) - trocou o PV pelo PSB
Beto Mansur (SP) - trocou o PP pelo PRB
César Hallum (TO) - trocou o PSD pelo PRB
Deley (RJ) - trocou o PSC pelo PTB
Francisco Araújo (RR) - trocou o PSL pelo PSD
José Humberto (MG) - trocou o PHS pelo PSD
Luiz Nishimori (PR) - trocou o PSDB pelo PR
Stefano Aguiar (MG) - trocou o PSC pelo PSB
Dr. Paulo César (RJ) - trocou o PSD pelo PR
Paulo Lustosa (CE) - trocou o PMDB pelo PP
Silvio Costa (PE) - trocou o PTB pelo PSC
Walter Feldman (SP) - trocou o PSDB pelo PSB
Wilson Filho (PB) - trocou o PMDB pelo PTB
Da redação da revista Época, com conteúdo do Estadão
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MENTIR, CONSPIRAR, TRAIR

O PT nem inventou a corrupção nem a inaugurou no Brasil. Mas só o partido ousou, entre nós, transformá-la numa categoria de pensamento e numa teoria do poder. E isso faz a diferença. O partido é caudatário do relativismo moral da esquerda. Na democracia, sua divisa pode ser assim sintetizada: "Aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei". Para ter futuro, é preciso ter memória.
Eliana Tranchesi foi presa em 2005 e em 2009. Em 2008, foi a vez de Celso Pitta, surpreendido em casa, de pijama. Daniel Dantas, no mesmo ano, foi exibido de algemas. Nos três casos, e houve uma penca, equipes de TV acompanhavam os agentes federais. A parceria violava direitos dos acusados. Quem se importava? Lula batia no peito: "Nunca antes na história deste país se prendeu tanto". Era a PF em ritmo de "Os Ricos Também Choram".
Ainda que condenados em última instância, e não eram, o espetáculo teria sido ilegal. Ai de quem ousasse apontar, como fez este escriba (os arquivos existem), o circo fascistoide! Tornava-se alvo da fúria dos "espadachins da reputação alheia", era acusado de defensor de endinheirados. Procurem um só intelectual petista --como se isso existisse...-- que tenha escrito uma linha contra os exageros do "Estado repressor". Ao contrário! Fez-se, por exemplo, um quiproquó dos diabos contra a correta 11ª Súmula Vinculante do STF, que disciplinou o uso de algemas. "A direita quer algemar só os pobres!", urravam.
Até que chegou a hora de a trinca de criminosos do PT pagar a pena na Papuda. Aí tudo mudou. O gozo persecutório cedeu à retórica humanista e condoreira. Acusam a truculência de Joaquim Barbosa e a espetacularização das prisões, mas não citam, porque não há, uma só lei que tenha sido violada. Cadê o código, o artigo, o parágrafo, o inciso, a alínea? Não vem nada.
Essa mentalidade tem história. Num texto intitulado "A moral deles e a nossa", Trotsky explica por que os bolcheviques podem, e devem!, cometer crimes, inaceitáveis apenas para seus inimigos. Ele imagina um "moralista" a lhe indagar se, na luta contra os capitalistas, todos os meios são admissíveis, inclusive "a mentira, a conspiração, a traição e o assassinato".
E responde: "Admissíveis e obrigatórios são todos os meios, e só eles, que unam o proletariado revolucionário, que encham seu coração com uma inegociável hostilidade à opressão, que lhe ensinem a desprezar a moral oficial e seus democráticos arautos, que lhe deem consciência de sua missão e aumentem sua coragem e sua abnegação. Donde se conclui que nem todos os meios são admissíveis".
O texto é de 1938. Dois anos depois, um agente de Stalin infiltrado em seu séquito meteu-lhe uma picaretada no crânio. Sinistra e ironicamente, a exemplo de Robespierre, ele havia escrito a justificativa (a)moral da própria morte. Vejam ali. Conspirar, mentir, trair, matar... Vale tudo para "combater a opressão". Só não é aceitável a infidelidade à causa. Pois é...
José Dirceu quer trabalhar. O "consultor de empresas privadas" não precisa de dinheiro. Precisa é de um hotel. Poderia fazer uma camiseta: "Não é pelos R$ 20 mil!". Paulo de Abreu, que lhe ofereceu o, vá lá, emprego, ganhou, nesta semana, o direito de transferir de Francisco Morato para a avenida Paulista antena da sua Top TV, informou Júlia Borba nesta Folha. O governo tomou a decisão contra parecer técnico da Anatel, com quem Abreu tem um contencioso razoável. Dizer o quê? Lembrando adágio famoso, os petistas não aprenderam nada nem esqueceram nada.
Aos amigos, tudo, menos a lei. Aos inimigos, José Eduardo Cardozo e Cade. É a moral deles.
Reinaldo Azevedo, jornalista, é colunista da Folha e autor de um blog na revista "Veja". Escreveu, entre outros livros, "Contra o Consenso" (ed. Barracuda), "O País dos Petralhas" (ed. Record) e "Máximas de um País Mínimo" (ed. Record). Escreve às sextas-feiras.
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A DOR NO JORNAL

Artigo de Marina Silva, publicado na Folha de S. Paulo
Uma notícia me deixou impressionada. No Rio de Janeiro, um jovem soldado da PM que enfrentou os rigores do treinamento para uma vaga na UPP com o estoicismo de quem não pode sequer pensar em desistir morreu após uma série de exercícios muito intensos.
Imagino o sofrimento da família, a tristeza dos amigos e me pergunto se os dirigentes do Estado conseguem ver o conflito íntimo de milhões de jovens que batem às portas das instituições em busca de uma chance na vida, já tendo passado nas duras provas da mortalidade infantil, violência, precariedade na educação e todos os "vestibulares" da pobreza.
Pensava em comentar o assunto quando outra notícia me deixou ainda mais impressionada. Uma jovem, no interior de São Paulo, morreu num acidente após fotografar e enviar pelo celular o velocímetro do carro marcando 170 km/h. Mais uma vez, as imagens de uma família em luto e amigos sofrendo. Penso em minhas filhas, nessa mesma faixa de idade, e me emociono.
Desisti de escrever sobre essas notícias. Exigem longas reflexões e consultas aos pensadores que tentam dar conta da complexidade da sociedade contemporânea. Ressaltam a mudança no que antes conhecíamos como "sentido da vida", hoje balizado por necessidades que vão além da mera sobrevivência e possibilidades que vão além do acesso ao consumo.
O cotidiano de nossas cidades está marcado por essas tragédias, tão numerosas que já fazem parte de nosso modo de ser e estar no mundo. De longe, no noticiário, não percebemos como são emblemáticas e como dizem respeito às nossas vidas, nossas famílias e comunidades.
Depois pensei: devo ao menos registrar o quanto importa a notícia da vida e morte desses jovens, como um convite à reflexão. Refletir para além de condenar, buscar culpados, protestar na forma de queixa ou revolta. Essas vidas não podem passar despercebidas na insensibilidade de nossa pressa, no alucinante ritmo urbano, que é, afinal, o causador de tantas mortes e sobre o qual devemos pensar com tempo e profundidade.
Assuntos e tragédias do cotidiano precisam ser debatidos com calma, sem a ansiedade dos índices de audiência. Devemos ser capazes de fazer isso em nossas famílias, comunidades, círculo de amigos: parar um pouco e conversar sobre os acontecimentos que vivemos em nossas cidades e os significados que carregam.
Em nosso diálogo podem surgir ideias, projetos com que nos identificamos, veredas para um futuro onde a vida seja cheia de sentido e valor. Que não esteja presa na necessidade imposta pelo excesso da falta nem abandonada ao excesso da desmedida presença.
Que a vida seja cultivada e valorizada, jamais suprimida.
Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e candidata ao Planalto em 2010. Escreve às sextas na versão impressa da Folha de S. Paulo.
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SOLIDARIEDADE À MST

Por José Maria Tomazela, Agência Estado
SOROCABA - O MST da Base, dissidência do Movimento dos Sem-Terra (MST) liderada por José Rainha Júnior, anunciou uma nova onda de invasões no oeste do Estado de São Paulo em apoio aos condenados no processo do mensalão. "Recebam as ocupações dos latifúndios improdutivos do Brasil como nossa homenagem", escreveu o líder em manifesto divulgado domingo, 24. Na "moção de solidariedade aos presos políticos do PT, vítimas da farsa jurídico-midiática do mensalão", o líder sem-terra afirma que ação penal é uma cortina de fumaça para esconder "os verdadeiros lesa-pátria e assim confirmar que os verdadeiros culpados estão livres e as cadeias foram feitas para os inocentes".
No último dia 15, quando se comemorava a Proclamação da República, José Rainha Junior comandou uma onda de invasões que atingiu 25 propriedades rurais no Pontal do Paranapanema e na Alta Paulista. As áreas já foram desocupadas. Ele não informou quando serão feitas as novas invasões. A ação foi a primeira comandada pelo líder sem-terra depois de ficar nove meses preso, acusado de envolvimento num esquema de desvio de recursos da reforma agrária. Ele foi solto por decisão do Supremo Tribunal Federeal (STF) em março de 2012.
Faixas.Faixas estendidas na entrada dos acampamentos do MST da Base no oeste paulista pedem "liberdade aos presos políticos do PT", afirmando ainda que "José Dirceu, (José) Genoino e Delúbio (Soares) são inocentes: crime é não fazer a reforma agrária". De acordo com José Rainha, as faixas e a moção de solidariedade aos mensaleiros têm o apoio da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp) e de sindicatos rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na moção, os signatários afirmam que "a vitória da presidente Dilma será a resposta que o povo dará nas urnas".
A União Democrática Ruralista (UDR), que representa proprietários de fazendas, vai entrar esta semana com representações nos ministérios públicos estadual e federal contra José Rainha Júnior por incitação ao crime e desrespeito à Justiça. "Além de ser um desrespeito ao estado de direito, invasão é crime", disse o presidente nacional da UDR, Luiz Antonio Nabhan . Segundo ele, o MST da Base é uma "organização fora da lei" que usa de atos ilícitos para afrontar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

FARINHAÇO NA ASSEMBLEIA

Por Raquel Freitas, do G1 MG
Um grupo de manifestantes se reuniu, na tarde desta quinta-feira (28), em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte. O protesto cobrou providências em relação à apuração da responsabilidade pela droga encontrada em um helicóptero da família do deputado Gustavo Perrella, que carregava 445 quilos de cocaína. Na manifestação, chamada de “farinhaço”, os participantes pediram a plena investigação dos fatos relativos à apreensão da aeronave, feita pela polícia em uma fazenda no interior do Espírito Santo, no último domingo.
O comunicador Daniel Quintela se apresentou como "dono do helicóptero" que representava a aeronave de Perrella. Ele diz que o desejo dos manifestantes é que o Ministério Público e a polícia investiguem com imparcialidade o crime e que os reais responsáveis sejam punido. “Estamos aqui para manifestar, para expor a poeira que estão tentando esconder debaixo do tapete”, disse.
No fim da tarde, o 1º secretário da ALMG, Dilzon Melo, representando a presidência da Casa, recebeu uma comissão de manifestantes. Os integrantes do ato cobraram a abertura de uma CPI para investigar “os danos que a família Perrella vem causando ao estado”. Eles citaram outros episódios envolvendo a família, que foram objeto de investigação da polícia, como a fraude em licitações para compra de merenda.
Em resposta, Melo citou as providências já tomadas pelo Legislativo e afirmou que, assim como os manifestantes, quer uma resposta sobre o caso, mas ressaltou que a ALMG não pode cometer injustiças.
A aeronave foi flagrada no domingo (24) em Afonso Cláudio, na Região Serrana do Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína. Quatro pessoas foram presas, entre elas o piloto, que era, então, funcionário da empresa de Perrella e também servidor da Assembleia. Ele foi demitido e exonerado.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais(ALMG) reembolsa, por meio da verba indenizatória, o combustível do helicóptero da empresaLimeira Agropecuária, de propriedade do deputado estadual Gustavo Perrella(SDD). A informação está no Portal de Transparência da ALMG e foi confirmada pelo advogado da família, Antônio Castro, nesta quinta-feira (28).
Castro afirmou que o deputado usava a aeronave, em 90% das vezes, para o trabalho político. Os outros 10%, conforme o advogado explicou, eram para uso familiar e de lazer, e pagos particularmente. O advogado não falou sobre os destinos usados.
Entre janeiro e outubro deste ano, o parlamentar gastou R$ 14.078,31 com querosene para avião. Apenas nos meses de fevereiro e abril é que não foram feitos abastecimentos com a verba pública. Nos meses de junho e setembro, o deputado gastou cerca de R$ 3,5 mil, em cada mês, em combustível para o helicóptero.
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"CONTRIBUIÇÃO" DE MELHORIA

O grande poeta popular, Pedro Lavandeira já disse: "Ele aí, gosta de taxa e imposto / até cachorro paga 10 pra se soltar / perdeu o rumo, agora vai pegando a reta / sonhando com bicicleta e carroça pra emplacar".
Saiba mais sobre a "contribuição" de melhoria
Charge do Sinfrônio, via Diário do Nordeste
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PLATAFORMA DIGITAL

A ex-senadora Marina Silva, da Rede Sustentabilidade e o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos lançam hoje, em São Paulo, a plataforma digital Mudando o Brasil.

A plataforma auxiliará o desenvolvimento do Programa de Governo da coligação REDE/PSB e vai receber sugestões dos cidadãos.
A partir das 11h00 (horário de Brasília), o blog Sou Chocolate e Não Desisto transmitirá o encontro ao vivo, junto com os sites da Rede Sustentabilidade, Fundação João Mangabeira e o Portal PSB40.
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DO LADO DE FORA DA PAPUDA

Por Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Se a prisão de José Dirceu e José Genoino foi realmente dramática, as tentativas nada sutis de fuga estão virando piada em Brasília e nas redes sociais.
Dirceu girar, girar e acabar virando gerente administrativo de um hotel que era justamente de Sérgio Naya, deputado que foi cassado e preso, é a realidade esbarrando na ficção. Ok, a vida dá voltas, mas não precisava tanto. As perguntas são as mais maliciosas: vai cuidar do "lobby"? Vai para a "lavanderia"? Ou vai carregar as "malas"?
Não bastasse, a chefe de Dirceu no hotel ganha R$ 1.800, mas o salário dele vai ser de R$ 20 mil por mês. E com um vidão. Suíte à disposição, bar 24 horas por dia, uma piscininha de vez em quando, entra e sai à vontade de amigos e correligionários. Aquilo vai virar uma festa.
Quanto a Genoino, exageraram na dose da vitimização e o remédio começa a fazer efeito inverso, criando uma nuvem de desconfianças.
Ele passou mal no voo para Brasília, mas tinha se recusado a fazer qualquer tipo de exame antes de embarcar. Já na Papuda, foi anunciado que ele teve um infarto, mas foi só um pico de pressão.
O Supremo avalia prisão domiciliar permanente, mas uma junta médica atesta que não é "imprescindível". Por fim, a Câmara tem de decidir sobre a aposentadoria por invalidez, mas uma segunda junta diz que a cardiopatia não é tão grave.
O processo de vitimização evoluiu para um estágio de constrangimento geral. No meio desse caminho, destaque para o artigo impecável do colega Marcelo Coelho, relatando fatos do mensalão e do julgamento, sem emoção, sem adjetivos, para concluir que, inocente, Genoino não é.
Segundo um velho ditado, "quanto mais alto, maior o tombo". Segundo outro, na mesma linha, "esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono". A hora é de humildade, gente. Tentar garantir o luxo de Dirceu e santificar Genoino vai ter efeito bumerangue. Aliás, já está tendo.
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.
Charge do Jorge Braga
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BASE ALIADA, MINISTRO BLINDADO

Brasília A base aliada no Congresso Nacional promoveu ontem uma blindagem ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e evitou a sua convocação na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara e na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Os tucanos querem que Cardozo esclareça a sua participação no episódio que envolve as investigações conduzidas pela Polícia Federal a respeito de denúncias de formação de cartel no transporte de trens em São Paulo. Além do mais, o PSDB quer que o ministro explique a conduta do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius de Carvalho, que omitiu de seu currículo a informação de ser petista e de ter trabalhado no gabinete do deputado estadual licenciado Simão Pedro.
Foi Simão Pedro, do PT e hoje secretário municipal de Serviços da gestão Fernando Haddad, quem encaminhou a Cardozo denúncias da existência de um cartel na licitação de trens em São Paulo, em documentos que foram repassadas pelo ministro à Polícia Federal. O Cade fechou em maio um acordo de leniência com a multinacional Siemens, que admitiu a existência de cartel na espera de redução de futuras punições.
Os tucanos têm acusado Cardozo de fazer uso político das acusações do esquema de cartel no governo do PSDB para atingir adversários e abafar o impacto causado pela prisão dos dirigentes petistas condenados no processo do mensalão.
Para preservar Cardozo na Câmara, foi aprovada a realização de uma audiência pública, que será realizada na próxima quarta (4) pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, na qual o ministro virá como convidado - o que tem peso menor do que uma convocação. Na ocasião, o ministro deverá falar também sobre as circunstâncias da fuga à Itália do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e também condenado no mensalão, Henrique Pizzolato.
Já no Senado, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) apresentou um requerimento de convocação do ministro na CCJ, mas após apelo do líder Eduardo Braga (PMDB-AM), aceitou votar na semana que vem um requerimento de convite.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) classificou ontem como campanha eleitoral a troca de acusações entre PSDB e PT em torno das investigações sobre a formação de cartel para fraudar licitações de metrô e trens nos governos tucanos de São Paulo. “Lamentavelmente se antecipou muito a campanha. Acho que temos que seguir o calendário legal, e o calendário legal exige que a partir do ano que vem se pense na campanha. Lamentavelmente é um clima de campanha, e eu não acho útil isso”, disse Temer na saída da sessão solene da Câmara relativa aos 25 anos da Constituição.
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que as denúncias envolvendo o PSDB não têm fundamento. “O ministro exagerou”, afirmou FHC.
Fonte: Diário do Nordeste
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CAFÉ DA MANHÃ NA REDE

Acontece neste sábado (30), um saboroso café da manhã e uma boa conversa política na Casa Malva, em São Paulo.
O café com política da Rede Sustentabilidade discutirá vários assuntos da política de São Paulo, entre eles, como ampliar a Rede na capital paulista.
Para participar do “Café da manhã na Rede”, é necessário confirmar sua participação no  email: redeelomunicipal@gmail.com.
Pra quem mora na capital paulista e desejar participar, uma dica é ir de metrô e descer na Estação Vergueiro, da linha azul.
Horário: sábado, 30, das 09h00 às 13h00, Rua Pires da Mota, 1201, Aclimação – no convite (foto), aparece como Bela Vista.
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EXAMINANDO GENUÍNO

Charge do Miguel, via Jornal do Commercio
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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O GOVERNO É DELAS!

A revista Free São Paulo em parceria com o Instituto Opinião divulga uma segunda rodada de pesquisa, desta vez para a Presidência da República indica que a maioria dos paulistanos quer uma mulher na Presidência da República.
Os números da pesquisa demonstram a liderança da presidente Dilma Rousseff (PT), mas a diferença entre a petista é apenas de cinco pontos percentuais da segunda colocada, a ex-senadora Marina Silva (PSB).
A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 17 deste mês, a margem de erro é de 4% aproximadamente. O Instituto Opinião Pesquisa fez quatro cenários, em todos a presidente Dilma aparece em primeiro lugar.
No primeiro cenário analisado pelo Instituto Opinião, quando o candidato do PSDB é José Serra, a diferença de Dilma atinge 31%, seguida por Marina com 26% e Serra com 18%.
Clique aqui e confira na íntegra a pesquisa exclusiva.
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UM PRESIDENTE À VONTADE

Por Léo Gerchmann, do Zero Hora
De alpargatas, cabelos desalinhados, barba por fazer, o indefectível bigode de cantor de tango e a simplicidade que o mundo aprendeu a ver como autêntica, o presidente do Uruguai, José Alberto Mujica Cordano, ou simplesmente Pepe Mujica, 78 anos, recebeu ontem Zero Hora em sua chácara de Quincho Varela, distante 20 minutos do centro de Montevidéu. Mujica é amável. Na entrada de madeira da propriedade, a já famosa cachorrinha perneta Manuela aproxima-se dos visitantes, aceita os afagos. Há outros dois cães e um gato à porta da residência, mas só ela acompanha o homem que governa 3,5 milhões de uruguaios.
A chácara é o seu recanto do ex-guerrilheiro tupamaro, em meio a livros, flâmulas e recordações. Ali, produz seu próprio Tannat e planta acelga, beterraba e flores. A única segurança à vista é um carro da polícia. Um furgão serve de transporte presidencial, em lugar do Fusca azul, ano 1987, que valeria algo como US$ 900, não fosse o ilustre proprietário.
Na entrevista, de 50 minutos, o presidente uruguaio define como um "teste social" a legislação que regula a produção e o consumo de maconha, aprovada pela Câmara dos Deputados e à espera de votação no Senado. Defende um mundo mais justo e sem preconceitos. Põe fé num Mercosul vitaminado, critica a Argentina e diz que o mensalão não ocorreria em seu país.
Leia a íntegra da entrevista:
Zero Hora — Que sonhos de guerrilheiro o presidente José Mujica colocou em prática?
José Mujica — Creio que a motivação da preocupação social, de tratar de contribuir para conseguir uma sociedade com melhores relações humanas, mais justa, mais equitativa, onde o "meu" e o "teu" não separe tanto as pessoas. Essa maravilhosa aventura que é a vida, que, por ser tão cotidiana, as pessoas não se dão conta. Só valorizam o que têm. Estar vivo é quase um milagre. Procurar que as pessoas estejam o mais felizes possível. Essa é uma causa nobre. Naquela época, pertencíamos a um mundo que tinha seus arsenais de ideias, e entramos em outro mundo. Mas, na realidade, a causa que nos impulsiona é a mesma. Os caminhos que podemos tentar são diferentes, mais complexos. Tudo ficou muito mais difícil, sobretudo é tudo a muito mais longo prazo do que o que poderíamos pensar em nossos tempos de juventude.
ZH — Por quê?
Mujica — Por causa da realidade. As mudanças culturais são enormemente difíceis. Existem classes sociais cuja cultura é muito difícil de mudar, custa muito esforço, muito conhecimento. Necessitam-se recursos difíceis de conseguir. Acredito que o mundo pode ir construindo uma sociedade mais justa, mais nobre. Na medida em que exista mais massificação do conhecimento e da cultura no nível das grandes massas, um país que tem muita gente e que está escravizado na sociedade de consumo vai ter a construção de uma sociedade melhor. Então, o que parecia ser impossível vai demorar um pouco mais.
ZH — Quanto o senhor está conseguindo fazer?
Mujica — Algumas coisas. Há menos pobres, de pobreza material. Há muitos pobres na cultura e nos sentimentos. Creio que fizemos algo e outros terão de seguir. Sou favorável à existência dos partidos políticos, das organizações políticas, porque nossas vidas são curtas, e essas causas necessitam muito tempo. Custa muito fazer uma colheita, e o período da vida humana é relativamente breve. E as causas não são coletivas, são intergeracionais. Não se vai conseguir um milagre de um dia para o outro. Fizemos nossa parte, plantamos, e tratemos que outras pessoas sigam levantando a bandeira e lutando por isso. Antes, pensávamos que haveria algum dia triunfal, em que arrancaríamos a revolução. Hoje, pensamos que a marcha é muito mais lenta e de longo prazo, que compreende nossa vida e a de muitas outras gerações e que temos que ir contribuindo para essa luta sucessivamente. Talvez os chineses, quando construíram a Grande Muralha, pensaram que era missão impossível, de 300, 400 anos. Bem, a fizeram. Temos de fazer uma grande muralha de corações, de sentimentos e de cultura. Vai durar muito.
ZH — A vida é uma construção?
Mujica — A vida é uma construção permanente, e isso dá sentido à vida. A vida se pode viver porque se nasceu, como um vegetal ou qualquer animal. Pode-se dar um conteúdo a esse milagre da vida. Então, nós nos sentimos felizes de participar dessa luta.
ZH — O senhor gosta que seja assim? Que não seja como o senhor pensava quando era um tupamaro?
Mujica — Sigo sendo um tupamaro. Não deixei de ser. O tupamaro se rebelava contra a injustiça. Isso eu tenho muito claro. Há os caminhos, as circunstâncias, mas a maneira de ver a vida continua a mesma.
ZH — As mudanças de costumes, como o casamento igualitário e outras, fazem com que a sociedade uruguaia seja mais igualitária?
Mujica — Creio que ajuda, ajuda. Não são a causa essencial. Colaboram. A causa essencial segue sendo ricos e pobres, as classes sociais. Um homem de cor discriminado, se é pobre, aí sente a discriminação. Se é rico, não tem problema. Um heterodoxo sexual, se é pobre, aí tem problema. Se é rico, não tem problema. Assim, a contradição fundamental segue sendo a das classes sociais. As outras também existem e ajudam, mas são secundárias. E é mais fácil resolver o secundário do que o principal.
ZH — Resolvendo-se o secundário, é possível ter o principal como alvo?
Mujica — O principal é o alvo clássico. Custa muito.
ZH — Quanto custa?
Mujica — Não sei, mas criar um mundo mais igualitário custa muito. Custa muito. Porque o motor do desenvolvimento de nossa economia é o lucro, e é o afã de lucro que move a humanidade. Creio que substituir esse motor pela solidariedade é uma mudança cultural que exige uma verdadeira revolução.
ZH — Tivemos nos anos 1990 na Argentina, com Carlos Menem, e no Brasil, com Collor, governos que pensam diferente do senhor. Acredita que nessa década que se considera como de definição do neoliberalismo houve um retrocesso?
Mujica — O homem é um animal utopista. Há utopismo de esquerda e há utopismo de direita. Esse utopismo de direita, o neoliberalismo, é o sonho de acreditar que pela via crônica de mercado se solucionam todos os problemas. Esse é um utopismo de direita: a parte sagrada é o mercado. Se o mercado funciona livremente, tudo mais se resolve. Nós acreditamos que isso seja um absurdo. Não é que o mercado não tenha importância, mas ao lado do mercado há outras coisas que têm importância. O assunto é mais complicado. O mercado tem certa participação na sociedade, mas também tem suas limitações. Precisa-se de políticas, políticas sociais. Deve-se contribuir para que o Estado trate de compensar aquilo que o mercado não soluciona. O mercado não distribui igualmente, concentra. Concentra a riqueza. Mesmo que gere muita riqueza, concentra-a tanto que acaba não distribuindo proporcionalmente a riqueza que se cria. O mercado também cria diferenças sociais enormes. Se o Estado não tem políticas que contribuem com eles, não acredito que o mercado... Esse foi o sonho dos utopistas de direita. Reduzir o Estado ao mínimo, não ter políticas sociais, e deixar que o mercado, livremente, ajeite tudo. O utopismo de esquerda é acreditar que o Estado é capaz de fazer tudo e resolver tudo. E termina criando uma burocracia que também segue sendo terrivelmente injusta. Qual é o caminho? Bem, aí está a discussão. É preciso um pouco de mercado, é preciso um pouco de Estado. Mas se precisa, fundamentalmente, que as pessoas sejam dirigentes de si mesmas. Que tenham capacidade de se autogovernar em tudo que seja possível. Para mim, esse é o motor essencial da mudança: que as pessoas não precisem de um Estado que as governe tanto, nem de um mercado cego. Mas que cada um seja responsável em grande parte por seu destino, que possam se juntar com outros e conduzir os fenômenos econômicos, dirigir empresas etc, e não precisem ter de pilotar uns aos outros. Mas isso vai ser um processo...
ZH — Isto não é uma mudança de sua parte, na medida que nos anos 1970 acreditava na revolução marxista, com a economia no centro?
Mujica — Sim.
ZH — E hoje, pelo que me parece, quer uma revolução mais cultural, comportamental.
Mujica — Marx foi muito ridicularizado, tanto por alguns de seus defensores como por alguns de seus detratores. Ele reconheceu a importância que tem o aspecto econômico, mas que não significa que a história humana se explica só pelo econômico. A história humana tem muitos componentes. Acho que, da economia, o mais importante é forja em que se cria a cultura de uma nação. Nós, hoje, temos uma cultura capitalista. E quem tem essa cultura não são os grandes donos do capital, que é óbvio que devem tê-la. Quem tem essa cultura é aquela grande massa que consome e gasta e se move todos os dias. Tem uma cultura capitalista cada indivíduo que quer melhorar somente o que é seu. A visão socializante é mais gregária: em vez de se dizer "eu", se diz "nós". É muito mais social. Uma cultura de caráter social é aquela em que pensamos como espécie ou no interesse geral. Nós pensamos primeiro nos nossos próprios interesses. Isso é próprio de uma cultura capitalista. As relações de produção podem mudar, mas se a cultura não muda, a mudança das relações de produção não vai ter efeito.
Quando se tentou construir o socialismo e se passou todos os bens importantes às mãos do Estado, as pessoas que foram trabalhar no Estados vieram com uma cultura também capitalista e isso acabou na burocracia. Um homem primitivo, um caçador de uma tribo, tinha um sentido social. Esse caçador de tribo, quando caçava um animal, sabia que esse animal não era dele, era da tribo e o levava para servir de comida à tribo. A sua cultura é gregária e social. Uso essa imagem para ver esse fenômeno, que é bastante difícil. O ser humano viveu 90% do tempo que está na Terra com uma cultura tribal. A história, a tecnologia, o comércio nos transformaram nisso que somos, com mentalidade e cultura capitalistas. Temos uma contradição entre o que somos e nossa herança histórica e o que acontece hoje. Superar isso vai custar muito à humanidade, e não sei se superamos isso. É uma espécie de bem perdido.
ZH — Quando o senhor tenta legalizar a produção da maconha, é uma maneira de fazer com que um aspecto perverso do capitalismo, que é o narcotraficante, seja afastado do processo?
Mujica — Nós não legalizamos a maconha. Regulamos um mercado que já existe. Nós não inventamos esse mercado. Ele já existe. Hoje. Aqui. Tratamos de regular e intervir nesse mercado. Porque o narcotráfico é pior que a droga. O narcotráfico nos traz outros problemas sociais terríveis. Ele degrada o mundo delituoso. Arruma tudo com dinheiro ou morte. Há um lema: dinheiro (plata) ou chumbo (plomo). O mundo delituoso também tinha uma escala de valores. O narcotráfico significa uma degradação na degradada consciência delituosa. É, dentro da cultura do delito, agravar o pior do delito. As consequências sociais vão além do narcotráfico. Toda a delinquência fica violenta, desproporcionalmente violenta. Nossa sociedade está coberta de uma violência irracional e estúpida, às vezes, por ser desproporcional. Sou capaz de matar um homem para tirar-lhe um dinheiro mínimo, de um trabalhador comum. No campo do delito, sempre houve uma certa proporção entre o que se podia fazer e o que não valia a pena. Isso se perde com o narcotráfico. Estamos tentando terminar com esse mercado, legalizando o consumo da maconha, mas controlando-o, dando uma ração mensal ao viciado. Se a pessoa quiser passar dessa ração, teremos que tratá-la. Se mantemos essas pessoas no mundo clandestino, não podemos identificá-las, e as deixamos para o narcotráfico. Queremos combater o narcotráfico ao roubar-lhe o mercado e o deixando sem negócio. Se conseguiremos, não sei. O que pedimos é o direito de experimentar, em frente ao evidente fracasso, em todos os lugares, que a repressão teve. A repressão não chega, acredite. Queremos fazer política por outro lado. O narcotráfico é um fenômeno capitalista típico. Como tem alto risco, tem alta taxa de lucro. E por que tem alta taxa de lucro? Porque é um monopólio, poucos o praticam porque tem alto risco. Mas é um fenômeno que se alimenta assim mesmo. A repressão asssegura o monopólio para os poucos que estão no negócio. Não há concorrência, ou há muito pouca. Esse é apenas um aspecto de tantos. O que queremos fazer é um teste social.
ZH — Se essa medida uruguaia for um sucesso, pode ser um modelo para outros países?
Mujica — Pode ser que se aprenda alguma coisa, que outros países possam aprender alguma coisa. E põe em xeque a ideia de que a única maneira de combater o narcotráfico é com a repressão. Acreditamos que temos de combinar. A repressão não é suficiente. Por um lado, é preciso reprimir, mas por outro, é preciso dar uma alternativa conduzida.
ZH — Nos anos 1970 e 1980, a maconha tinha glamour. O senhor nunca fumou?
Mujica — Não, nunca fumei. Nesses anos, estava preso.
ZH — Mas conviveu com muitas pessoas...
Mujica — Sim. Não. A verdade é que não. As drogas são tão velhas quanto o mundo, sempre existiram. A guerra do ópio na China, que sei eu? A drogas são velhas, o narcotráfico é que é um fenômeno moderno. É muito pior, degrada toda a sociedade. Não defendo o consumo de maconha, nem nenhum vício. Mas uma coisa é o que pensamos, e outra é o que a sociedade faz. Sabemos que o cigarro faz mal, mas quanta gente fuma? Se você toma dois, três, quatro uísques por dia, é suportável, mas se toma uma garrafa por dia, temos que tratá-lo, pois é um alcoólatra. Acredito que com a droga é a mesma coisa. Temos que ver a quantidade que, mesmo que perigosa, pode ser suportável, e quando temos de tratar álcool. Com o álcool não acontece isso. Uma coisa é uma pessoa alcoólatra, outra é uma que bebe de vez em quando. Certo?
ZH — A presidente Dilma falou com o senhor alguma vez sobre essa lei?
Mujica — Ela tem muito medo pelas dimensões do Brasil. Não vê outro caminho a não ser reprimir, agora.
ZH — Vocês conversaram sobre isso?
Mujica — São países muito diferentes. Brasil tem uma dimensão colossal. E tem muita experiência nessas coisas. O Uruguai foi um país em que o Estado, por quase 50 anos, foi o único que produzia álcool: grapa, cachaça, rum, conhaque, tudo isso era o Estado que produzia. Não era privado. O Estado vendia para as pessoas. Isso durou 50 anos, terminou por 1918, 1917, por aí. Tinha o "armazém" estatal. Foi um país que reconheceu a prostituição e a legalizou lá por 1914. O Uruguai inventou uma universidade para que as mulheres pudessem ir, nessa década também. Porque as pessoas não queriam mandar suas filhas para estudar. Com o tempo, o ensino passou a ser mesmo, mas no início tinha muita resistência. Se estabeleceu o divórcio pela vontade da mulher. O voto das mulheres... Temos a tradição de sermos muito abertos. O "armazém" estatal do álcool tinha 15 anos antes da Lei Seca dos Estados Unidos, que foi horrível. A Lei Seca foi pior do que nunca, não é? Temos a tradição de reconhecer os problemas. E tratar de legalizá-los e organizá-los da melhor maneira, e não escondê-los. Não é que a gente goste da prostituição ou do álcool. É outra coisa. A realidade é de temos que enfrentar e organizar para que seja o menos prejudicial possível. O que pedimos ao mundo é a capacidade de fazer um experimento. E ver se, por esse lado, recuperamos muita gente que estamos perdendo. Se estivermos errados, vamos dizer que estávamos errados. E aprendemos. E se descobrirmos algum caminho, podemos oferecê-lo ao mundo como experiência, e que cada um faça o que achar melhor.
ZH — O senhor está certo de que essa medida será um sucesso ou há um temor?
Mujica — Tem seu perigo, porque temos que criar muitas coisas. Já se vão cem anos reprimindo as drogas, e estamos fracassando. Não quero dizer que isso que começamos a experimentar nos dê uma solução. O que sabemos é que o que foi feito até agora não é suficiente. E como não é suficiente, cada vez temos mais pessoas presas por envolvimento com drogas, temos de encontrar outro caminho. Não vamos mudar fazendo sempre o mesmo.
ZH — O Uruguai é um país pequeno que precisa de mais voz. O senhor tem falado muito com a presidente Dilma Rousseff a respeito do acordo entre Mercosul e União Europeia. É muito importante para o Uruguai esse acordo?
Mujica — É importante ter diversidade. O mundo se está organizando em um grande bloco. A comunidade européia tem 20 e tantos países, com história, idioma, cultura diferentes. Sem dúvida, por mais que se critiquem, estão se juntando. E criaram uma realidade econômica muito importante. Os Estados Unidos têm seu acordo com Canadá e com México. Do outro lado do oceano está a China, que é um estado multinacional milenar. Tem a Índia. Esse é o mundo em que vivemos. Nesta região, o principal comprador que temos é a China. É o principal cliente do Brasil, nosso, do Paraguai e da Argentina. É inteligente não depender de um único país. É inteligente diversificar o mercado. Precisamos da Europa como uma alternativa que ajude a equilibrar os pratos da balança. A relação com a Europa é importante pelo que a Europa significa. Mas também é importante porque nos dá uma alternativa diante da crescente dependência econômica do mercado chinês. Quanto mais equilíbrio e diversidade, mais seguros estaremos. Temos de discutir ao máximo com a comunidade européia, que, por razões culturais, está relativamente perto, muito da nossa população tem origens lá. Mas isso também depende do que nos pedirem.
ZH — Há uma resistência muito forte da Venezuela, da Bolívia, do Equador e também da Argentina. Isso é um problema?
Mujica — Entendemos essa resistência, mas acreditamos na diversidade. No mundo de hoje, não se pode ser independente total — e uso a palavra entre aspas. Temos de ser interdependentes para termos a maior margem de independência possível. Se dependemos de um somente, é perigoso. Se conseguimos diversificar, que nossa orientação exterior dependa de três ou quatro, e se possível mais, melhor. Então, sou a favor da política de diversificar.
ZH — Essa resistência da Argentina é o motivo de alguns desentendimentos?
Mujica — Não. Acredito que a Argentina tem um projeto, e tem todo o direito de tê-lo, no estilo 1960. Acreditam em solucionar os problemas e vão se fechando cada vez mais. Posso entender se essa for a política geral de todo o Mercosul, mas se fechar para os próprios países do Mercosul me parece que tira o sentido do Mercosul.
ZH — Mas isso é o que vem acontecendo. O que vocês podem fazer para mudar isso?
Mujica — Isso depende deles. Não podemos intervir. Essa é uma questão da política argentina.
ZH — O Brasil é um aliado do Uruguai?
Mujica — Sim, muito bom. O Brasil tem uma política federal. Às vezes, temos uma contraposição, porque, como federação, em algum estado pode surgir um obstáculo. Mas o governo federal sempre defende a relação. Mateamos bem.
ZH — A economia do Uruguai é muito parecida com a do Rio Grande do Sul.
Mujica — É parecida, mas o Brasil é muito grande. O melhor cliente que temos para a carne de cordeiro é São Paulo. Nosso problema para entrar no Brasil é produzir com qualidade. Tem um público de grande poder aquisitivo no Brasil. Pagam muito bem por qualidade.
ZH — O senhor crê no futuro do Mercosul?
Mujica — Creio na necessidade de integração. Mercosul e mais. Não podemos estar sozinhos. Até países grandes como o Brasil precisam de aliados. A comunidade econômica europeia tem com seus seiscentos e tantos milhões, com alto pode aquisitivo. Os Estados Unidos, com Canadá, e o México é um mercado gigantesco. A China e a Índia, com suas enormes populações. Todos eles são inalcançáveis se não tivermos a inteligência de juntar-nos.
ZH — Uruguai, Paraguai e países com populações menores sofrem mais com isso?
Mujica — Sim. E o Mercosul entendeu isso e, por isso, nos ajudou. Achamos que há projetos interessantes na economia brasileira, que devemos desenvolver e colaborar. Por exemplo, a conexão elétrica que estamos fazendo com o Rio Grande é importante. Porque não podíamos trazer energia ou mandar quando nos sobra. Agora podemos, com uma conexão de 500 megawatts. Vamos fazer um porto bi-nacional com o Brasil, e não é contra o Brasil, é para ajudar. Para que possa transportar coisas pelo Rio Paraná, pelo Rio Paraguai, porque o transporte por água é mais barato que por caminhões. Temos que criar coisas complementares com o interesse do Brasil, para que essas coisas sejam nos ajudem mutuamente.
ZH — Agora, no Brasil, o ex-deputado José Genoino, que esteve na guerrilha, está na prisão. Como o senhor vê isso?
Mujica — Não gosto da prisão por motivos políticos. Precisamos lutar por uma humanidade que possa superar essa contradição. Mas sobre esse assunto, não tenho informações para poder opinar.
ZH — No Brasil, há um sistema político no qual, para que o governo tenha a maioria, há muitas negociações, o que gerou o mensalão. No Uruguai, há um modelo diferente?
Mujica — Aqui não existe isso. No Uruguai, os partidos são muito sólidos. As pessoas não mudam de partido. Os partidos tradicionais são tão velhos quanto o país. E a nossa Frente Ampla, que está no governo, já tem 40 e poucos anos. Não existe essa prática. Aqui, não se compra ninguém nessas decisões. Estamos muito longe disso.
ZH — Esses partidos que existem há anos, essa raiz fortalece a ideologia?
Mujica — Acredito que temos de defender os partidos. Porque os partidos tendem a expressar vontades de caráter coletivo, que vão além das fraquezas individuais. Os indivíduos têm importância, mas não tanto quanto os partidos. Sei que o Brasil é muito grande, é um país continental, tem problemas de integração. E, às vezes, um Estado olha o mundo de maneira independente e aparecem coisas que podem ser criticadas. Mas é milagroso que um governo com minoria parlamentar tenha podido fazer as coisas que o governo Lula fez no Brasil. Não é fácil isso. Sei que lá as pessoas mudam de partido facilmente.
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GERENTE DE HOTEL

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi contratado para trabalhar como gerente administrativo do Hotel Saint Peter, em Brasília. De acordo com o contrato de trabalho assinado pelo ex-ministro, ele deve receber salário de R$ 20 mil. Segundo a assessoria do STF, caberá ao juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal decidir sobre a autorização de trabalho externo.
Dirceu foi condenado a sete anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Ele está preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. De acordo com a Lei de Execução Penal, os condenados em regime semiaberto podem trabalhar dentro do presídio, em oficinas de marcenaria e serigrafia, por exemplo, ou externamente, em uma empresa que contrate detentos.
Segundo o contrato de trabalho assinado pelo ex-ministro, ele deverá cumprir horário de trabalho de 8h às 17h e terá uma hora de almoço. Na ficha de solicitação de emprego, Dirceu afirmou que se candidatou ao emprego “por necessidade e por apreciar hotelaria e área.”
Charge do Sinfrônio - Agência Brasil
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MARIA LUIZA, 71 ANOS

Uma das principais lideranças políticas de esquerda do Ceará e uma das responsáveis pela reorganização dos movimentos sociais em Fortaleza na década de 70, Maria Luiza Fontenele completa hoje 71 anos.
Nascida em Quixadá (CE), Maria Luíza fez carreira política na capital cearense e entrou para história política do Ceará e do país quando foi eleita prefeita de Fortaleza em 1986, a primeira mulher eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a comandar uma capital.
Engana-se quem pensa que Maria Luíza entregou os pontos, ela continua na ativa, fazendo política com vigor que fazia no início de sua militância esquerdista, a ex-prefeita faz parte do Movimento Crítica Radical.
Para celebrar os 71 anos de vida, parentes, amigos e simpatizantes da ex-prefeita se reúnem com ela nesta quarta-feira (27), em Fortaleza, na Casa de Show Kukukaya, a partir das 19 horas.
Na ocasião, Maria Luiza lançará o projeto “Brotando emancipações”, uma ação que reforçará a pregação do Movimento Crítica Radical, no qual ela se insere, contra o Capitalismo.
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TANCREDO - A TRAVESSIA

O Canal Brasil apresentou nesta terça-feira (26), às 19h, o documentário "Tancredo - A Travessia", de Sílvio Tendler, uma biografia de Tancredo Neves, político que se transformou num símbolo da transição à democracia após 20 anos de ditadura.
Depoimentos de Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, José Serra, Aécio Neves, Francisco Dornelles, Pedro Simon, dentre outras personalidades políticas fazem parte do documentário.

Tinha visto no cinema, mas sempre vale a pena rever fatos e personagens da história política brasileira ou de outros países.

Leitura imprescindível é a coletânea Tancredo Neves - A travessia midiática, são dezessete textos que refletem a conjuntura histórico-política do ex-presidente Tancredo.
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JULGAMENTO DEMOCRÁTICO

Ex-senadora pelo PT, Marina Silva conhece bem os bastidores do mundo político em Brasília. Filiada ao PSB, mas de olho na fundação do novo partido Rede Sustentabilidade, Marina não deixou de emitir sua opinião sobre a prisão dos condenados no processo do mensalão. O raciocínio de Marina é simples: não há presos políticos no escândalo, como afirmam o ex-ministro José Dirceu e outros condenados.
“Houve um julgamento de acordo com a democracia brasileira, dentro das instituições brasileiras”, afirmou Marina. “A maioria dos juízes não foi indicada por um partido político inimigo das pessoas que foram julgadas”, acrescentou. A ex-senadora participou de um encontro, nesta segunda-feira (25), com o arcebispo Orani Tempesta na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ela estava acompanhada do deputado Miro Teixeira (Pros), pré-candidato ao governo fluminense.
Já em relação ao pedido de prisão domiciliar do deputado licenciado e ex-presidente do PT José Genoino, Marina foi mais “generosa”. A ex-senadora disse que a Justiça deve se preocupar com todos os presos com problemas de saúde. “Se sua vida está em risco, deve-se tomar todo o cuidado. Que seja para ele e para as demais pessoas que estejam em igualdade de condições”, afirmou.
Com informações do jornal Diário de Pernambuco
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VOTO ABERTO

Por Ricardo Brito, O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Após mais de três horas de intensos debates e manobras regimentais, o plenário do Senado decidiu, na noite desta terça-feira, 26, que os parlamentares terão de revelar seu voto na análise de cassações de mandato e de vetos presidenciais no Congresso Nacional. Nessa votação, ao todo 58 senadores foram favoráveis ao voto aberto para essas duas modalidades e apenas quatro foram contrários. Eram necessários pelo menos 49 votos para a proposta de emenda à Constituição (PEC) passar.
O texto aprovado seguirá para a promulgação no Congresso, em data não marcada. A emenda constitucional vai atingir os condenados no processo do mensalão que, futuramente, serão alvo de processos de perda de mandato parlamentar: os deputados federais José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), havia avisado que não colocaria qualquer processo de perda de mandato em votação secreta, derrubada nesta terça.
Os senadores, no entanto, decidiram manter secreta a análise de autoridades indicadas pelo Poder Executivo. Também foi rejeitada uma emenda que discutia a amplitude da medida, isto é, se ela valeria somente para o Congresso ou para os poderes Legislativos estaduais, municipais e no Distrito Federal. O Senado vai analisar o que fazer com essas duas situações: se vão voltar para a Câmara dos Deputados ou ir para o arquivo.
A decisão de rejeitar uma PEC do voto aberto irrestrito tinha um objetivo indireto: manter secreta a votação para se eleger as Mesas Diretora da Câmara e do Senado, matéria atualmente regulada pelo regimento interno de cada uma das Casas Legislativas.
Senadores enxergaram na medida uma forma de o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), garantir sua reeleição em fevereiro de 2015. "A grande importância da autoridade é a autoridade que está na Mesa Diretora", ironizou o senador Walter Pinheiro (PT-BA).
Batalha. Por mais de duas horas, senadores travaram em plenário uma batalha regimental. O líder do PSB do Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), que pretendia acabar com o voto secreto para todas as modalidades, argumentou que, com base no regimento, no segundo turno de votação de uma PEC, não seria possível apreciar separadamente cassações, vetos ou indicações.
O presidente do Senado, contudo, rejeitou o pedido do líder socialista, o que levou a um intenso debate em plenário. "O que está sendo proposto é um absurdo", afirmou Renan Calheiros, ao acusar o líder do PSB de tentar, na prática, impedir que os senadores apreciem separadamente o voto aberto em determinadas modalidades.
Renan recebeu a solidariedade de senadores da base aliada e da oposição. "O senador tem que ser livre e cada um tem que votar segundo a sua consciência", afirmou o líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP). "Eu quero ter o meu direito de votar individualmente. Eu não quero votar tudo ou nada", o senador Lobão Filho (PMDB-MA).
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HELICÓPTERO DO PÓ

Por Marcelo Portela, O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE - Uma operação das Polícias Federal e Militar na fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo, no domingo passado, 24, levou à captura de um helicóptero com 443 quilos de pasta de cocaína e à prisão de quatro pessoas. A polícia constatou que o aparelho é da família do senador ZezéPerrella (PDT-MG) e quem o pilotava era Rogério Almeida Antunes, funcionário da Assembleia Legislativa mineira, que estava lotado na 3.ª Secretaria e servia ao filho do senador, deputado Gustavo Perrella (SDD).
Exonerado já na segunda-feira  - a decisão deve sair hoje no Minas Gerais, o diário oficial do Estado - , Antunes, 36 anos, era empregado da Limeira Agropecuária e Participações. Ele só perdeu o cargo da Assembleia, onde recebia R$ 1.700 mensais, depois que sua ligação com a Casa se tornou pública. A Limeira foi fundada pelo senador e hoje pertence a Gustavo, à sua irmã Carolina e a um sobrinho do senador, André Almeida Costa.
A prisão de Antunes ocorreu no domingo em Afonso Cláudio (ES). Além dele foram presos o copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.
Titular da 3.ª Secretaria da Assembleia mineira, o deputado Alencar Silveira Júnior (PDT) confirmou que a indicação de Antunes partiu de Gustavo Perrella, que preside a Comissão de Turismo da Casa. "As indicações são feitas pelos presidentes das comissões. Todos os documentos exigidos foram apresentados pelo rapaz. Nem eu nem o presidente da Assembleia temos como contestar nenhuma indicação", disse Alencar.
Ele não sabe informar o tipo de serviço que era prestado por Antunes e nem se ele comparecia à Assembleia - controle que, segundo ele, cabe à direção da Casa ou ao gabinete do deputado ao qual ele respondia. "Cada deputado tem direito a nomear até 24 funcionários", avisou.
Furto. Gustavo Perrella disse que vai acusar Antunes de furto porque ele "não tinha autorização" para fazer o voo que resultou na prisão em flagrante. Segundo a assessoria da Casa, a Antunes era encarregado de "serviços gerais". A assessoria explicou, ainda, que não há controle da direção sobre o ponto ou o trabalho executado pelos assessores. Ao tentar contato com o deputado, o Estado foi informado de que ele estava em Brasília.
A captura do helicóptero da Limeira para o transporte dos 443 quilos de pasta de cocaína não é o primeiro episódio policial a envolver a empresa da família Perrella. Em 2011, o Ministério Público Estadual abriu procedimento para investigar a evolução patrimonial de Zezé Perrella, então presidente do Cruzeiro, após se divulgar que ele teria uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões.
Um ano antes, ao assumir no Senado, na vaga de Itamar Franco, ele havia declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 490 mil. Na ocasião, afirmou que a fazenda pertence à Limeira e que esta foi transferida para seus filhos e o sobrinho.
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