Por Heráclito Aragão Pinheiro e Vivi Martins
Recentemente, em virtude das diversas pressões sofridas em decorrência
da sucessão estadual, o governador Cid Ferreira Gomes passou mal algumas vezes,
até que por fim se licenciou para cuidar de sua saúde. A saúde do governador
não é o foco do interesse aqui, mas a maneira como a mídia tratou o assunto,
principalmente em comparação a forma como, fato semelhante, foi tratado há não
tanto tempo assim.
Quando a prefeita Luizianne Lins, também sujeita a pressões
e cobranças semelhantes as que, hodiernamente, sofre Cid, passou mal e teve que
se ausentar do cargo para cuidar da saúde, a imprensa tratou de insinuar que o
estado de saúde da prefeita era resultado do abuso de drogas ilícitas. Cid,
assim como Luizianne, quase desmaiou em um evento público, mas diferente da
prefeita, o governador não teve que se defender de acusações maldosas, ou foi
vítima de “disse me disse”.
Poucos gestores foram tão atacados pela imprensa quanto
Luizianne. É certo que sua gestão é passível de críticas, e a crítica é uma
ferramenta indispensável à democracia, mas o alvo dos ataques foi sempre a
própria prefeita. Luizianne teve, antes de assumir o executivo municipal, uma
longa e vitoriosa carreira no legislativo, tanto na câmara municipal quanto na
assembléia. Por essa época não se disseminavam os rumores maldosos, mas a
frente da prefeitura ela teve que lidar com esse fardo.
Uma mulher, mãe solteira, independente e ainda por cima
petista, não poderia escapar incólume, em um estado tão machista quanto o
nosso, por ocupar um cargo de destaque. Não podemos, por certo, reduzir os
acontecimentos ao preconceito de gênero, mas é inegável que ele desempenhou
papel importante nos ataques a Luizianne. Seus opositores, de maneira perversa,
souberam jogar com os ressentimentos fanáticos e preconceitos afetivos
arraigados no coração de nossa gente, para desgastar a imagem pública de um dos
mais importantes quadros políticos do PT.
Cid, por seu lado, pode tranqüilamente ter problemas de
saúde – por sinal estimo melhoras ao governador, o fato de me opor a ele não
significa que lhe desejo mal – sem ser vítima de uma campanha de difamação. O
pior desse tipo de ação perversa é que os preconceituosos em geral, esquecem de
que o onus probandi cabe a quem acusa, e que somos todos inocentes até prova em
contrário. Na lógica nefasta do boato, todavia, tudo aquilo que é solidário aos
nossos preconceitos deve ser verdade, mesmo sem prova alguma.
Goste-se ou não de Luizianne, sua ousadia na política e sua
coragem de suportar tantos ataques, pavimenta um duro caminho para outras
mulheres de fibra e coragem que desejem se aventurar na política.
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