quarta-feira, 23 de abril de 2014

VITÓRIA CONTRA A INTOLERÂNCIA

Talvez você não se lembre. Mas há quase dois anos, eu, o PSOL e o conjunto da população LGBT fomos duramente atacados por um semanário local. A coluna do comunicador João Francisco da Silva – o qual não conheço nem nunca vi na vida – disparava ofensas contra mim e contra os LGBT em geral. O motivo: a exibição, no horário eleitoral do PSOL, de uma cena de dois segundos, exibindo um beijo entre dois homens .
Parece loucura dizer isso hoje, depois do Brasil vibrar com o beijo de Mateus Solano e Thiago Fragoso, que representavam o casal Niko e Félix na novela Amor à Vida, da Globo. Mas há dois anos, isso gerou a ira de alguns setores da sociedade joinvilense.
No dia 3 de setembro de 2012, em plena campanha eleitoral, eu e o PSOL fizemos uma denúncia à Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de Santa Catarina. A denúncia gerou uma ação judicial por dano moral coletivo à população LGBT.
O deputado Jean Wyllys, do PSOL-RJ, escreveu uma carta de solidariedade a mim e à nossa campanha e o caso ganhou repercussão nacional.
Um ano e nove meses depois, recebi com satisfação a notícia de que João Francisco da Silva e o Jornal da cidade foram condenados em decisão do juiz Roberto Lepper. Ambos – jornal e colunista – deverão pagar multa de R$ 25 mil, corrigidas com juros e correção monetária. Leia a decisão na íntegraaqui.
Esta é uma vitória importante aos que lutam pelos direitos humanos e contra a homofobia. É uma vitória de toda a população LGBT. O juiz Roberto Lepper entendeu, de maneira acertada, que a liberdade de expressão e de imprensa não são absolutas, e não dão o direito de ofender e achincalhar quem quer que seja por ser dono ou funcionário de uma empresa de comunicação.
A argumentação de Lepper para justificar a condenação compara João Francisco aos deputados Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ), o qual classifica como “fundamentalistas”, “mediavais” e pregadores de ideias misóginas.
Ouço até hoje, de simpatizantes nas ruas, que não devería ter exibido a cena na TV, que perdi votos, entre outras coisas. Pode ser verdade. Mas nossa campanha não iria deixar de dizer o que quer que seja apenas para ganhar mais votos. A igualdade, o respeito à diversidade cultural, étnica, religiosa, sexual e de gênero são princípios da nossa atuação política. Não poderíamos esconder isso apenas para ganhar votos. Seria enganar o eleitor e enganar a nós mesmos.
Seguimos em frente, de cabeça em pé, na luta contra o fundamentalismo, contra o pensamento medieval e pela ampla difusão dos direitos humanos e das pessoas LGBT. Obrigado a todos e todas que acreditaram e acreditam nesses ideais e nos deram todo o suporte necessário à época para passarmos por isso.
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