sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O MUNDO À PARTE DOS PETISTAS

Artigo de Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo
A oposição entre a “Liberdade” e a “ Igualdade” vem dominando a política desde, ao menos, o século XIX. Muito sangue já foi derramado nesta disputa e as posições parece que se tornam cada vez mais inconciliáveis. Hoje em dia, a Esquerda e a Direita adquiriram vida própria e, mais do que ideologias, se transformaram em estilos de vida. Não que seja impossível se promover arranjos que contemplem as duas. O problema é que os “radicais” de cada facção fazem questão de preservar a sua pureza. Qualquer um que se atreva a inovar seus conceitos é logo tachado de “revisionista” e descartado do baralho.
As duas vertentes ideológicas alimentam atualmente, inclusive, uma semântica própria. Na época do “mensalão”, por exemplo, não foram poucas as vezes em que observei, através de meus artigos que “Se Deus perdoa os pecadores que se arrependem de suas faltas, no caso do PT, ele nada teria a fazer....” O problema é que os mensaleiros nunca se arrependiam de nada. Aos olhos deles, nada mais faziam do que expropriar dinheiro da burguesia para usá-lo contra a própria burguesia. Se cobrassem, para tanto, uma módica “taxa de serviço” isso era considerado plenamente justificável: Uma evidência concreta desse comportamento foi a altivez o dos “mensaleiros” a caminho da cadeia, para onde foram condenados não por crimes políticos, vale lembrar, mas sim por crimes comuns. Geralmente os condenados caminham para as celas, escondendo o rosto. Os petistas, não. Foram para a reclusão erguendo os braços em demonstração de júbilo. Eles estavam se sentindo como heróis.
Por falar nas divergências abissais que existem entre o PT e os demais partidos, vale lembrar que, atualmente, uma discussão que vem empolgando a militância petista
diz respeito à questão do mérito nas Universidades. No nosso modo de pensar, a meritocracia é um valor indiscutível. As melhores recompensas são destinadas aos melhores professores e alunos. Com isso ficam obsoletas os demais critérios de promoção , como o nepotismo, o favoritismo, os privilégios de parentesco, a filiação política, e outros métodos espúrios. Desde a China antiga o mérito prevalece, permitindo à Nação escolher sempre os seus quadros dirigentes entre os indiscutivelmente melhores.
Nos EUA a meritocracia só viria a ser implantada no século XIX depois que o presidente James Garfield foi assassinado em 1881, crime que comoveu profundamente a Nação. O crime havia sido cometido por um militante de seu partido, inconformado por não ter sido nomeado para o cargo que pretendia
O sistema de mérito está implantado, hoje em dia, em todo o mundo, com exceção da Coréia do Norte, de Cuba e de outras nações sem maior expressão.
Novidade! O PT pretende banir a meritocracia!
Um dos motivos, alegam os seus adeptos, é o de que o sistema do mérito atenta contra o princípio da “Igualdade”.
O raciocínio por trás desta tese é tortuoso, porém está de acordo com a aspiração de “Igualdade extremada” defendida pelo partido. Vamos tentar decifrá-lo:
Em princípio todas as pessoas são absolutamente iguais e assim devem ser tratadas, sem que se leve em conta, diferenças de inteligência, compleição física, aptidões, talentos e empenho .O papel da escola é nivelar essa diversidade e nunca o de acentuá-la. Para tanto, é mais justo o sistema de cotas, que leva em conta essas diferenças, do que o de mérito, que só as acentua. Um adulto, que alcança um título de doutor, sempre tentará prevalecer sobre os seus semelhantes, conseguirá melhores salários e sempre poderá justificar-se, valendo-se do seu “mérito”, devidamente certificado pelas universidades
Traduzindo tudo isso para um português compreensível:
Quando houver uma olimpíada, ao invés de disputa-la com um atleta que
pule 2 metros, o mais correto é montar uma delegação com 4 atletas que pulem 50cm cada um.
Deu para entender?
Outra diferença incontornável que existe entre a esquerda e a direita, diz respeito à forma de raciocinar . Nós, os normais – não vou dizer que somos de direita, o que não é necessariamente verdadeiro - fomos criados através dos conceitos da “lógica formal”. Para a maioria de nós : O Mas a esquerda inovou, neste sentido, e se apropriou dos conceitos de Hegel, principalmente no que diz respeito à “lógica dialética” e a partir daí criou-se a maior das confusões. Segundo esta lógica confusa: “o que não é, pode vir a ser” e mesmo “ o que é, pode deixar de ser”. Quanto às dúvidas, elas somente podem ser dirimidas pelo Comitê Central do Partido. E este comitê não toma decisões lastreado na verdade, mas sim no que é conveniente ao Partido. Nesse aspecto, Trotski cunhou a melhor definição: “Só podemos ter razão com o partido e através do Partido, porque a História não criou nenhuma outra forma de fazê-lo.”
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