sábado, 24 de outubro de 2015

A CRISE ESTÁ NO MEIO

Da Veja
Mais de vinte anos depois do início dos registros históricos de seu tempo na Presidência que surgem em seus diários, Fernando Henrique Cardoso mantém um olhar atento - e crítico - sobre o que se passa em Brasília e no Brasil. O ex-presidente avalia que o país já se distanciou do início da crise, mas ainda não está perto do fim dela. Mesmo que não chegue a cravar que o governo de Dilma Rousseff não tem mais salvação - "em política, o futuro é inventado, não está dado" -, avalia que as chances de recuperação da petista são ínfimas. Guarda as palavras mais duras para seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que está "enterrando a própria história" por continuar persistentemente a fazer "escolhas erradas". O tucano também dissipa as dúvidas sobre a saída que o PSDB busca para a crise e afirma que o partido defende a cassação da chapa de Dilma, por ter recebido dinheiro do petrolão na campanha, e que vai votar a favor do impeachment quando, e se, a questão do afastamento constitucional da presidente chegar ao plenário da Câmara dos Deputados.
Mas na entrevista de uma hora e meia que concedeu a VEJA em seu apartamento em Higienópolis, na manhã de quarta-feira, o ex-presidente não falou só da atualidade. Expôs os motivos que o levaram a publicar em vida seus diários - um deles foi definir as regras para a edição do gigantesco material se porventura a saúde lhe faltar antes do fim da empreitada - e afirmou que não teme o julgamento da História, tampouco a repercussão da divulgação de suas memórias. "Quem entra para a vida política tem de ter muita firmeza interior. Quando você entra para a política, você é responsável pelos seus atos. Fiz com boa intenção, não roubei, não censurei, não protegi, não persegui."
FHC defende a tese de que tudo o que fez no governo foi porque tinha, e ainda tem, um projeto claro de país. Ele afirma que a virtude do homem público, do "homem de Estado" (termo que usou algumas vezes, sem jamais mencionar a palavra estadista), é conseguir levar adiante seus projetos - não é a mesma virtude individual, não tem a ver com as "verdades íntimas, convicções, ética pessoal".
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