Para Hiroo Onoda, a 2ª Guerra Mundial só terminou no dia 9
de março de 1974 quando ele emergiu da selva da ilha Lubang, nas Filipinas, e
se rendeu ao seu superior, o major Yoshimi Taniguch, que lhe ordenara 30 anos
antes resistir até à morte.
Depôs a espada e o rifle ferrolho Arisaka, em perfeito
estado de revista. Vestia um gasto uniforme de soldado. De volta ao Japão, foi
recebido como herói.
Onoda alistou-se com 20 anos para servir ao exército
imperial japonês em guerra contra os Estados Unidos, a União Soviética, a
Inglaterra e demais países aliados. Foi enviado a Lubanga para evitar que a
ilha caísse em mãos inimigas.
Como ela caiu, ele e mais três soldados se refugiaram nas
montanhas para resistir. Dois morreram. Onoda não acreditava que o Japão fora
derrotado.
Talvez fosse o caso de Lula procurar Dilma para informá-la
que a guerra contra o impeachment acabou, e que ela, ele e o PT foram
derrotados. Ao contrário de Onoda, Dilma não recebeu ordem do seu superior para
resistir até à morte.
Resiste por teimosia. Lula está em outra, negociando a
salvação da própria pele. O PT estima
suas perdas que podem ser maiores do que supõe.
O que menos interessa ao PT é o que Dilma promete caso
sobreviva ao julgamento do Senado e retorne ao cargo: um plebiscito para que o
brasileiro decida se quer antecipar a eleição presidencial de 2018.
Plebiscito ou referendo nem sempre é a melhor solução.
Milhões de ingleses arrependeram-se do referendo que decidiu pela saída do
Reino Unido da União Europeia.
Em seu pior momento desde que foi fundado, o PT está
condenado a perder as eleições municipais de outubro próximo. Como poderia
ganhar uma eleição presidencial?
De resto, por que o Senado devolverá o poder a Dilma se ela
acena com a possibilidade de não governar até o fim do mandato? Não devolverá.
O melhor seria que Dilma se rendesse sem provocar mais danos ao país.
Bastam os danos que provocou legando ao presidente interino
a herança maldita de mais de 11 milhões de desempregados. Bastam os que o PT
também provocou – entre eles, a corrupção que contaminou todo o aparelho do
Estado e suas relações com sócios e fornecedores privados.
O que a Lava-Jato já descobriu empurrou o Brasil para o cume
dos países mais corruptos. O que começa a ser descoberto poderá catapultar o PT
para a galeria dos partidos mais cruéis com o povo.
Que tal um partido capaz de roubar parte do salário de
funcionários públicos, pensionistas e aposentados endividados que para manter
suas famílias recorriam a empréstimos consignados cujas prestações são
descontadas automaticamente em folha de pagamento?
Na semana passada, Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), ex-ministro do Planejamento do governo Lula, ex-ministro das
Comunicações do governo Dilma, foi preso sob a suspeita de ter sido um dos
chefes da organização criminosa que arrecadou entre 2009 e 2015 algo como R$
100 milhões em propina para financiar o PT e enriquecer seus caciques.
De cada um real pago mensalmente por um servidor público
como taxa de gerenciamento do seu empréstimo, setenta centavos iam parar nos
cofres do PT.
Roubar dinheiro de quem trabalha para ganhá-lo? Um partido,
aqui, nunca ousou tanto.
“Chorei por mim e por meus amigos. Tem várias maneiras de
ser assaltada”, comentou a servidora pública Ana Gori, de Brasília, endividada
há 16 anos.
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