Lula, ontem, estava coberto de razão quando comentou com
senadores do PT que com ele se reuniram no aeroporto de Brasília:
- Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que
aconteceria o que está acontecendo hoje.
O que aconteceu: ele e sua mulher, Marisa Letícia, foram
indiciados pela primeira vez pela Operação Lava-Jato, em Curitiba. São
suspeitos de terem recebido R$ 2,4 milhões em benesses da OAS, empreiteira
envolvida no escândalo da Petrobras.
Foi a OAS que reformou o tríplex do Guarujá que Lula
desistiu de ocupar depois que o fato foi descoberto. Segundo Léo Pinheiro,
presidente da OAS, o preço do tríplex seria deduzido do dinheiro de propina que
a empreiteira devia ao PT – e Lula sabia disso.
Aconteceu alguma coisa mais para justificar o comentário
amargo de Lula? Certamente a proximidade do desfecho do processo de impeachment
de Dilma, que deverá ter o mandato cassado e os direitos políticos suspensos
por oito anos.
Talvez ele ainda alimentasse algum vestígio de esperança de
que o impeachment pudesse ser revertido. Agora, não mais. Se no início do
processo Dilma contou com 22 votos para absolvê-la de um total de 28
necessários, perdeu alguns. É possível que só lhe restem 18.
O poder escapou à órbita do político que presidiu o país
durante oito anos, fez seu sucessor e reelegeu-o. Esperava voltar a se eleger
em 2018 e – quem sabe? – reeleger-se em 2022. Está ameaçado de ser preso e
condenado. Sete em cada 10 brasileiros o rejeitam.
E pior: Lula sabe que o principal responsável pela situação
que enfrenta é ele mesmo. Foi ele e mais ninguém que construiu o caminho que o
levou da glória ao final trágico. Que história, a dele!
Sobreviveu à seca do Nordeste e à fome de São Paulo quando jovem.
Não sobreviveu às seduções do poder.
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