quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O VERMELHO E A ESTRELA SUMIRAM

Em tempos de Lava Jato, candidatos a prefeito do PT de toda a Grande São Paulo escondem a estrela do partido e trocam o vermelho vivo por anódinos tons de verde e laranja no material de propaganda.
Em Guarulhos, Santo André, Mauá, Osasco e até em São Paulo, a ordem dos marqueteiros é jogar a estrela para debaixo do tapete, ou disfarçá-la a tal ponto que o eleitor não a perceba.
E, tanto quanto possível, nem mencionar a sigla “PT”.
GUARULHOS
Em Guarulhos, o instinto de sobrevivência falou mais alto até para um ex-alto hierarca do partido, Elói Pietá, que foi secretário-geral do PT.
Em seu material de campanha, predominam as cores laranja, verde e até um elegante cinza Fendi.
Da velha estrela vermelha, não sobrou nada além de umas suaves cintilações brancas, sobre um fundo amarelo claro, visíveis apenas aos olhos treinados dos profissionais de artes gráficas.
As letras “P” e “T” desapareceram, e só restou o 13 – ainda assim, por exigência da lei eleitoral.
O mais curioso é o ícone de sua página no Facebook: um par de óculos e um bigode.
Elói talvez queira se ver como uma versão Bernie Sanders de Guarulhos, ou seja, um esquerdista de cabelos brancos que toca o coração dos jovens.
Na realidade, porém, o grafismo remete o candidato do PT às antigas caricaturas de Jânio Quadros, o herói da direita udenista dos anos 50 e 60.
SANTO ANDRÉ E MAUÁ
Em Santo André, o prefeito Carlos Grana sabe que o maior problema para sua reeleição é acachapante rejeição ao PT na segunda cidade do Grande ABC.
Em seu material na internet, as cores dominantes também são o verde e o amarelo.
A estrela transfigurou-se tanto que é quase impossível identificá-la. E o pouco vermelho que ainda restou desbota-se em dégradé até desaparecer.
Uma representação gráfica, aliás, bastante compatível com o partido do petrolão.
Em Mauá, a reeleição do prefeito Donizeti Braga enfrenta os mesmos problemas e encontrou as mesmas soluções de marketing.
Também lá o vermelho esmaece até virar um laranja aguado. E a estrela também está disfarçada por um grafismo representando um aviãozinho de papel.
A frase “coragem para fazer o que tem que ser feito” soa mais como uma autocrítica do que como slogan de campanha.
SÃO PAULO
Na campanha de Fernando Haddad, em São Paulo, há a mesma fuga para o laranja, e o “P” e o “T” igualmente sumiram do material.
O 13 ficou minúsculo  – tem o mesmo tamanho de uma das letras da palavra “Haddad”.
E a estrela? Bem, ela ficou microscópica.
Virou um pontinho branco dentro do 13, o que valeu a Haddad uma queixa da direção do partido e um pedido para que amplie a imagem.
ESTRELA CADENTE
Em Osasco, o deputado federal Valmir Prascidelli é um dos poucos candidatos que conservam alguma fidelidade à velha iconografia.
Compreende-se a opção do deputado. Ele é homem do ex-prefeito Emidio de Souza, atual presidente do PT paulista e um dos guardiões da ortodoxia partidária.
Por isso, o candidato do PT ainda exibe o vermelho com algum orgulho, e há até uma estrela bem visível em seu material.
Mas, talvez por algum ato falho, a imagem escolhida foi a de uma estrela cadente…
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