segunda-feira, 26 de setembro de 2016

POKER DO LULA

Mentor Neto, ISTOÉ
Poker na casa do Lula.
A turma de sempre: Sarney, Zé Dirceu, Dilma,
Cunha e Renan.
Todos bebem cerveja e riem alto, sentados á mesa de feltro.
Dirceu estica o baralho e cada um tira uma carta.
Lula sai com o rei de ouros.
– O presidente dá as cartas – ordena Dirceu.
Toda semana é a mesma coisa.
Sarney nunca sobe a aposta, só sobrevive.
Zé Dirceu dá all in em todas as mãos, atrapalha o jogo.
Dilma não sabe jogar, só perde dinheiro.
Renan tenta blefar, mas os outros são mais espertos.
Cunha é flagrado com um ás na manga do paletó.
E todos sempre deixam Lula ganhar.
Toca a campainha.
Os jogadores se entreolham, tensos.
– Tão esperando alguém? – pergunta Lula.
Não estão.
E a pizza já chegou.
Temem pelo pior.
O ex-presidente faz piada disfarçando o medo:
– Só falta ser aquele cretino de Curitiba, justo hoje que eu tô ganhando.
Todos riem amarelo.
Marisa sai da cozinha, deixa um prato de risoles na mesa e vai abrir a porta.
Olha pelo buraquinho.
– Relaxem! – grita a ex-primeira-dama – É só a morte!
Todos se ajeitam e respiram aliviados.
A morte, num manto negro e segurando uma foice, desliza pela sala precedida por uma ventania.
Passa por trás de cada jogador, simulando dramaticamente golpes de foice.
– Fala, filha! Vai levar quem hoje? Decide logo aí que nóis tamo jogando – comanda Lula, durão.
Sarney levanta:
– Bom, como não é comigo, aproveito pra fazer um xixizinho.
A morte bloqueia o caminho de Sarney e o empurra de volta à cadeira.
– A escolha é de vocês – revela numa voz gutural – vim porque o País não aguenta mais tanta safadeza. Qualquer um serve, só preciso fazer uma politicazinha. Que nem fiz na Venezuela e na Argentina, com o Hugo e o Néstor.
– Mas somos jovens! Temos muito pela frente! – defende-se Dilma.
– O critério não é idade, querida. É maldade – explica a morte.
A resposta cria uma acalorada celeuma entre os convidados.
A morte senta enquanto espera a decisão.
Cutuca Cunha no ombro.
– Não tem xadrez nessa casa? Prefiro xadrez.
– Pelo amor de Deus, não fala isso! A turma morre se ouvir falar em xadrez – Cunha cochicha e volta à discussão.
A morte embaralha as cartas com suas longas unhas.
Depois de duas horas, os políticos chegam a um acordão.
Dirceu abre a negociação.
– Morte, é o seguinte: há várias formas de resolver um impasse.
– Hum… E daí? – responde, desconfiada.
– Apesar de realizada na vida, você deve ter ainda algum sonho – Cunha segue o jogral.
– Uma viagem de primeira classe… uma vila na Provence… – diz Sarney.
A morte olha para o infinito, coçando o queixo.
– Para dizer a verdade, eu sempre quis ter um… – deixa escapar, mas rapidamente volta ao dever do dia – Não adianta! Eu preciso levar alguém hoje, sem falta!
Três dias depois.
Na internet a manchete:
“Empreiteiro morre poucas horas antes de sua delação premiada”.
A morte desliga o computador, levanta e caminha vitoriosa pelo recém-adquirido apartamento em Miami.
Da varanda pensa “hoje vai dar praia”.
Negociando com jeito, afinal, todo mundo ganha.
E segue o jogo.
Sarney nunca sobe a aposta, só sobrevive.
Zé Dirceu dá all in em todas as mãos, atrapalha o jogo.
Dilma não sabe jogar, só perde dinheiro.
E todos sempre deixam Lula ganhar
(Inspirado no conto Death Knocks, de Woody Allen)
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário