terça-feira, 4 de julho de 2017

ASSÉDIO SEXUAL

O deputado federal e humorista cearense Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), conhecido como Tiririca, está sendo acusado de assédio sexual por uma ex-funcionária de sua família. Maria Lúcia Gonçalves Freitas de Lima, de 41 anos, registrou ocorrência em delegacia de Brasília e entrou com reclamação trabalhista. Ela relata episódios em que o político teria tentado ter relações sexuais com ela, além de outros constrangimentos.
Tiririca afirma que está sendo vítima de extorsão. Por ter foro privilegiado, o processo contra ele foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 20 de junho. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo nesta terça-feira (4), após o ministro Celso de Melo retirar o sigilo dos autos.
O humorista e sua esposa, Nana da Silva Magalhães, contestam a ação e também apresentaram queixa policial contra a ex-babá. Segundo ele, Maria Lúcia criou “fatos inverídicos” e tenta levar “vantagem econômica indevida”. O casal a acusa de tentar extorquir dinheiro deles ao cobrar R$ 100 mil na rescisão do contrato sob a promessa de não prejudicar a família. Maria Lúcia teria sido demitida por consumir bebida alcoólica durante os expediente, com pagamento integral dos direitos trabalhistas.
Episódios de assédio
Segundo O Globo, Maria Lúcia foi contratada em 1° de março de 2016 para cuidar da filha de 8 anos do casal. Sua demissão ocorreu cerca de três meses depois, em 29 de junho. De acordo com os autos do processo, em depoimento à polícia em 20 de junho, ela conta que viajou com a família do parlamentar em duas viagens de 2016, quando teriam ocorridos os episódios de assédio.
No dia 24 de maio, eles foram a São Paulo, onde Tiririca participou do “Programa do Jô”, na TV Globo. Ainda segundo a ex-babá, ao voltar para o apartamento onde estavam, após a gravação do programa, Tiririca reclamou do quão comprido era o nome da empregada e “exalava odor etílico”. Em seguida, conforme a doméstica, ele teria a agarrado pelo braço e a jogado no sofá, segurando a mulher com força por trás e pela cintura.
O deputado dizia, segundo Maria Lúcia, que faria sexo anal e vaginal com ela. Ele teria desabotoado as calças. Com medo, a empregada afirma que conseguiu se soltar e ficou atrás do sofá até que o parlamentar correu atrás dela com as calças nos joelhos. Maria Lúcia diz que a cena foi testemunhada pela esposa de Tiririca, por assessores e pela filha do casal.
A criança teria sido a única a defendê-la, empurrando o pai, que teria sido levado para a cama, embriagado. No mesmo dia, ela ainda teria sido obrigada a dormir no chão, em um edredom por não havia cama para todos no local.
Em Fortaleza
No dia seguinte, a família embarcou para um sítio do deputado em Fortaleza, onde os episódios de assédio se repetiram. Maria Lúcia conta que, em festas da família, os comentários sexuais continuavam toda vez que Tiririca a via. Ele também teria passado a mão nos cabelos e nas nádegas da babá, sem consentimento dela. Ele teria dito frases como “se experimentar, vai gostar”.
O relato de Maria Lúcia ainda narra episódio em que o humorista teria mergulhado na água com o celular dela, durante passeio de lancha. No aparelho, estava um vídeo em que ele falava “besteiras” para a empregada. Ele também teria chantageado a mulher com garantia de emprego em troca das relações sexuais.
A doméstica afirma que, em Fortaleza, a patroa a teria procurado e defendido o marido, alegando que ele agia daquela forma por gostar da funcionária. Maria Lúcia nega ter pedido, em depoimento, ter cobrado R$ 100 mil do casal. A autora da queixa disse à polícia que se sentia “ofendida” e “menos valorizada que um cachorro”.
Ações do casal
A esposa de Tiririca, em ação policial, pediu providências das autoridades contra a doméstica, “com receio” de que as “acusações infundadas” prejudiquem a imagem dela e do marido. De acordo com O Globo, o advogado do casal afirma que a ex-empregada tenta usar estereótipo do personagem de “palhaço” de Tiririca para lhe atribuir os mesmos comportamentos, às vezes chulos, em sua vida privada.
O ministro Celso de Mello, ao receber o processo, ordenou que a etiqueta dos autos fosse mudada de “crime contra o patrimônio/extorsão” para “crime contra a liberdade sexual”. Ele pontuou que a acusação contra a doméstica deve correr em primeiro grau já que ela não tem foro privilegiado. Ele deve analisar a denúncia apenas contra o deputado federal.
Tiririca não se manifestou ainda sobre o caso.
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